8 tipos de pecadores em Round 6
Round 6 é uma série que possui muitos temas e nos ajuda a refletir sobre nossa própria vida. Quando assisti eu pensei em como podemos enxergar diferentes tipos de pecadores nos personagens principais da série.
Porém, antes disso, vamos estabelecer o pecado que une todos os personagens destacados: Ter aceitado participar de um jogo ilegal, imoral e mortal por dinheiro. Embora, eles não soubessem do que o jogo se tratava na primeira rodada, não é correto assinar um contrato sem conhecer os detalhes, principalmente em uma situação tão misteriosa e suspeita. E ainda que isso seja usado como desculpa no princípio, todos que voltaram sabiam o que estavam aceitando para as próximas rodadas.
Ganhar dinheiro em um jogo passando por cima dos corpos de outras pessoas é inaceitável. Aqueles que aceitaram essas condições o fizeram por entender que esse seria o caminho mais fácil, o atalho pra resolver todos os seus problemas sem enfrentar as consequências de suas escolhas passadas.
O pecado tem esse costume, de se apresentar como a via mais fácil e menos custosa. Mas são apenas aparências. Depois que você o aceita e o cultiva, ele apenas trás mais sofrimento e, como no caso da série, morte.
Então, sem mais delongas, vamos aos nossos pecadores:
Amigo de infância do protagonista Seong Gi-Hun, Sang-Woo era considerado um exemplo por ter se formado em uma faculdade prestigiada. Mas ele roubou dinheiro de seus clientes e é procurado pela polícia — por isso, decidiu entrar na competição.
Esse é aquele tipo de pecador frio e calculista que tem sempre uma justificativa para os seus pecados. “Eu tive que empurrar fulano pra morte, se não todos morreriam”. Sei…
Em todas as oportunidades que teve de fazer o bem, ele escolheu SE DAR BEM.
Ela é uma refugiada da Coreia do Norte, que fugiu do regime comunista junto com o irmão, que acabou em um orfanato. A série também deixa claro que ela tinha algum tipo de relação profissional ou pessoal com o gângster Jang Deok-Su. A personagem entrou no jogo para poder tirar o irmão do orfanato, assim como trazer a família que ficou na Coreia do Norte.
Muito do que sabemos sobre a personagem são consequências de ações de outras pessoas em sua vida. A sua situação de refugiada, a sua associação com o gângster, etc. Nesses casos a gente tende a passar pano para as atitudes da pessoa por conta de tudo o que ela não tinha controle. Mas chegou um momento em que ela teve escolha. Quando se livrou de Deok-Su, ela podia ter escolhido uma vida honesta, mas permaneceu na vida criminosa. Escolheu o “atalho”.
Na trama, Abdul Ali é um imigrante nascido no Paquistão, que perdeu alguns dedos trabalhando em uma fábrica, mas nunca foi recompensado. O personagem quer dar uma vida melhor à família que ficou no Paquistão, assim como à esposa e à filha.
Mais um personagem que sofre pela ação de outras pessoas. E mais uma vez, não podemos simplesmente justificar suas atitudes por conta de seu sofrimento. Talvez o problema dele, desde o início, tenha sido a ingenuidade. Ele me lembrou de uma passagem bíblica: “Eu os estou enviando como ovelhas entre lobos. Portanto, sejam prudentes como as serpentes e simples como as pombas.” (Mateus 10.16)
Aqui Jesus estava orientando seus discípulos antes de enviá-los em uma missão. Eles iriam aos judeus pregar sobre o Messias. Eles eram como ovelhas sendo enviadas para o meio de um bando de lobos perigosos. Pra isso eles precisariam ser como serpentes e pombas.
As serpentes são chamadas de prudentes. A palavra prudente aponta para “inteligência, esperteza, sabedoria, cautela”. Elas são capazes de avaliar as circunstâncias e se comportar de maneira apropriada. Quando veem o perigo, escapam rapidamente.
Pombas, no entanto, são animais inocentes, sem maldade, livres de malícia. As pombas são criaturas simples que não causam problemas. Mas, sua simplicidade pode levá-las ao perigo, pois não fogem dos predadores com a mesma eficiência das serpentes. Sua pureza está associada à sua credulidade.
Por que os dois animais? Porque eles se equilibram. A “esperteza” sozinha não traz um andar correto diante de Deus. Faríamos qualquer coisa (até pecar) para escapar dos perigos, como Cho Sang-Woo, mas não é isso que Deus deseja de nós. Quando Jesus acrescenta a pureza da pomba, está dizendo aos seus discípulos e a nós que a retidão deve ser combinada com a prudência para que a gente viva corretamente. Então, para Ali, abundou simplicidade e pureza, mas faltou prudência e cautela.
Um dos personagens mais detestáveis da série, Jang Deok-Su é um gângster que se deu mal ao querer roubar o próprio chefe, líder de um grupo criminoso. Repleto de dívidas e perseguido por criminosos, ele decidiu entrar na competição mortal.
Nem preciso falar muito sobre esse personagem, não é mesmo?
Ele escolheu o mal e tinha prazer nisso. Ponto final.
É o jogador mais velho da competição. Recebe muita ajuda do protagonista Seong Gi-Hun — mas ele não é tão desamparado assim.
Já esse personagem me lembra de Eclesiastes: “Não me neguei a nada que os meus olhos desejaram; não me recusei a dar prazer algum ao meu coração… Contudo, quando avaliei tudo o que as minhas não haviam feito e o trabalho que eu tanto me esforçara pra realizar, percebi que tudo foi inútil, foi correr atrás do vento; não há nenhum proveito no que se faz debaixo do sol.”
(Eclesiastes 2.10,11)
Il-Nam buscava a alegria genuína que ele acreditava um dia ter experimentado na infância. Buscou de todas as formas e meios, inclusive na experiência de vida e morte do jogo. Mas a busca da alegria em si mesma, não traz verdadeira felicidade duradoura. Os prazeres podem ajudar por um tempo, pois por um momento nos esquecemos daquele vazio em nossa alma. Mas, depois que a euforia passa, o vazio volta e parece ainda maior que antes. Vazio esse que só Deus pode preencher.
Il-Nam morre então sem ter, de fato, encontrado um propósito pelo qual viver.
Apesar de não haver muita informação sobre Han Mi-Nyeo, a série mostra que a personagem faria de tudo para sobreviver — até as ações mais maldosas e surpreendentes.
Uma personagem sem qualquer escrúpulo ou senso moral. Tudo vale pra se dar bem. E essa é a filosofia perfeita pra… se dar mal.
Um pastor que se junta à equipe de Gi-hun durante o cabo de guerra. Ele frequentemente se refere a Deus e à fé, mas nada no seu comportamento corresponde à fé que professa.
Aqui me veio outra passagem bíblica: “Muitos me dirão naquele dia: Senhor, Senhor, não profetizamos em teu nome? Em teu nome não expulsamos demônios e não realizamos muitos milagres? Então eu lhes direi claramente: Nunca os conheci. Afastem-se de mim vocês, que praticam o mal!”
(Mateus 7.22,23)
OBS.: Não pude deixar de notar que o roteirista não valoriza muito a fé cristã. Cada vez que a fé é mostrada ou mencionada é de forma negativa, hipócrita. Pessoas que se dizem cristãs, mas são mais cruéis do que as outras, como foi o caso dos pais da número 240, a garota Ji-yeong vem de uma família abusiva, mas que se diz cristã.
Finalmente, nosso protagonista, um homem divorciado, endividado e apostador inveterado. Para tentar quitar suas dívidas de jogos, resolver os problemas de custódia da filha e ajudar a mãe diabética a fazer uma cirurgia, ele decidiu entrar nos jogos.
Inconsequente e irresponsável. É assim que a gente pode definir o personagem no início da história. Mas o jogo acabou revelando seu caráter. Bom, empático, perdoador e amoroso. Ainda que não tenha resistido totalmente à tentação e mentido pra se salvar, dava pra ver o tamanho da culpa que se criava nele naquele momento do jogo das bolas de gude. Fora esse momento de fraqueza, Gi-Hun jogou com valor, tentando ao máximo ajudar o próximo.
No seu último momento no jogo, enquanto eu pensava “não mate Sang-Woo, só termina o jogo” e me achava super magnânima, ele foi lá e me deu uma lição de humildade e de valor cristão. Decidiu desistir de todo o dinheiro pra salvar a vida de Sang-Woo, o pecador dos pecadores.
Não tem como ser mais cristão que isso, se sacrificar por quem não vale nada. Jesus deixou o exemplo máximo disso na cruz e a gente não tem outra alternativa a não ser nos emocionar quando vemos uma pessoa, ou no caso, um personagem espelhando a atitude de amor suprema de Cristo.
Para todos os personagens faltou algo crucial. Deus. Não é com “atalhos” imorais que a gente vai superar as dificuldades ou resolver nossos problemas. A gente olha pros personagens e suas dívidas e problemas e tende a achar que o jogo seria a única opção pra eles. Não é verdade:
Entregue o seu caminho ao Senhor; confie nele, e ele agirá.
Salmos 37.5
Confie no Senhor de todo o seu coração e não se apoie em seu próprio entendimento; reconheça o Senhor em todos os seus caminhos, e ele endireitará as suas veredas.
Provérbios 3. 5,6
Concluindo, o que fica pra mim da série são os atos de bondade, valor e sacrifício feitos nos momentos mais extremos das vidas desses personagens.
São nos momentos difíceis da vida que os nossos valores e a nossa fé vão ser avaliados, exigidos e lapidados. Fica o questionamento pra todos nós:
Em uma situação difícil, qual desses personagens você seria?