Gifted – Um laço de amor
A fé cristã é racional?
O Capitão América agora tem uma sobrinha talentosa para criar.
Frank Adler (Chris Evans) é um homem solteiro que cria sua jovem sobrinha Mary (Mckenna Grace), uma menina prodígio. Frank planeja uma vida escolar normal para a menina de sete anos, mas seus planos são frustrados quando as habilidades de matemática de Mary chamam a atenção da mãe de Frank, Evelyn (Lindsay Duncan). Ela possui outros planos para a neta, que podem separar Frank e Mary.
O filme tem um ótimo elenco, que inclui Chris Evans, a vencedora do Oscar Octavia Spencer e uma encantadora Mckenna Grace (ela me lembrou muito a Dakota Fanning nessa idade). Foi um prazer assistir Grace como a animada Mary.
Em seu primeiro dia na escola, Mary chama a atenção de sua professora, Bonnie Stevenson (Jenny Slate). Ela resolve problemas matemáticos difíceis em segundos. Quando fica sabendo, a diretora da escola de oferece a Mary uma bolsa de estudos em uma escola particular para crianças superdotadas.
Mas, seu tio Frank recusa a oferta por medo de que as pessoas tratem Mary como “diferente” das outras crianças. Ele quer que sua sobrinha tenha a chance de ter uma infância normal em uma escola normal.
A mãe de Frank, no entanto, tem outros planos para Mary. No momento em que Evelyn descobre que Mary é talentosa; ela toma medidas para obter a custódia de Mary.
Frank decide lutar por Mary pois acredita que a morte de sua irmã foi, pelo menos parcialmente, causada pelas exigências de Evelyn para que ela se concentrasse apenas em seus estudos, à custa de amizades e relacionamentos.
Evelyn é uma mulher controladora. Ela tem um belo discurso de como cada indivíduo deve contribuir com o seu melhor para o avanço da sociedade e como seria um pecado não usar toda a capacidade de Mary. Mas, para mim, era apenas uma cortina de fumaça. Por baixo desse discurso está seu arrependimento de ter deixado a carreira para criar seus filhos. Por isso ela passou a vida tentando realizar seus sonhos profissionais através da filha e agora através da neta, sem realmente levar em consideração suas reais necessidades e sonhos.
O filme ilustra os dilemas morais frequentemente associados às batalhas pela custódia: O que é melhor para uma criança superdotada? A educação deve visar especificamente o conjunto de habilidades especiais de uma criança superdotada? E qual é o custo? O que essa criança realmente precisa? Bom, um lar amoroso e atencioso está no topo das prioridades. De que adianta uma escola excelente se a criança vai ser tratada apenas como um instrumento, como Evelyn iria fazer?
Uma cena interessante é a de Mary e Frank na praia. Ela pede que ele explique fé, Deus e Jesus. Ele diz que não sabe se Deus existe – e diz que ninguém mais sabe com certeza. Ele continua dizendo que a fé é “algo muito bom de se ter, mas a fé tem a ver com o que você pensa e sente, não o que você sabe”. E quanto a Jesus? Frank diz que ‘ama aquele cara’ e diz a Mary que ela deve “fazer o que ele diz”.
O diálogo sugere que ideias religiosas estão totalmente desligadas da razão. Afinal, a crença em Deus é racional ou é algo que devemos simplesmente acreditar pela fé?
A relação entre fé e razão tem sido mal interpretada. Quando as pessoas hoje dizem: “Eu acredito nisso pela fé”, o que geralmente querem dizer é que não têm nenhuma razão para acreditar em naquilo. A sociedade nos condiciona a pensar na fé como irracional ou sem base. Cega.
Mas é isso que a Bíblia quer dizer quando usa a palavra fé? Não. A Bíblia não promove a crença no irracional ou em qualquer tipo de “fé cega” injustificada.
A própria Bíblia nos diz o que é fé. Hebreus 11.1 nos diz que a fé é a certeza daquilo que esperamos e a prova das coisas que não vemos. A palavra “certeza” não implica um mero pensamento positivo, como em “Espero que não chova amanhã.” Em vez disso, a palavra indica uma expectativa confiante: o tipo de confiança que temos quando temos um bom motivo para acreditar em algo. Observe também a palavra “prova”. Fala de algo que pode ser conhecido; algo que pode ser verificado.
A fé bíblica sempre lida com algo que podemos saber. Deus não nos pede para acreditar em algo sobre o qual Ele não nos deu nenhuma indicação ou contexto. Por exemplo, os Evangelhos registram que após a ressurreição de Cristo, Jesus gentilmente repreendeu os discípulos por não terem fé de que a ressurreição havia acontecido. Já que eles haviam recebido indicações anteriores (Mateus 16.21; Lucas 24.6, 25) e até posteriores ao evento (Marcos 16.14).
Assim como muitas pessoas interpretam mal a fé, elas também interpretam mal a razão.
Entendo que alguns estão confundindo o que é razoável com o que é cientificamente verificável. Ciência é o estudo do que podemos prever por meio da observação em um ambiente controlado. Só porque algo não pode ser testado em um laboratório não significa que seja irracional. Por exemplo, a pergunta “qual é o sentido da vida?” pode ser testada em laboratório? Não. Isso significa que uma resposta a essa pergunta não é razoável? Não. Até o próprio método científico é baseado em suposições que não podem ser provadas pelo… método científico. No entanto, existe uma base razoável sobre a qual esse método opera.
A razão é uma ferramenta que Deus nos deu que nos permite tirar conclusões e fazer inferências a partir de outras informações, como aquelas que Ele nos deu em Sua Palavra. A razão é uma parte essencial do Cristianismo; Deus nos diz para raciocinar (Isaías 1.18) e Pedro também (1 Pedro 3.15).
Na verdade, eu nem poderia saber que fui salva sem usar a razão. Afinal, a Bíblia em lugar nenhum diz que a “Raquel está salva”. Em vez disso, ela me diz que “se você confessar com sua boca que Jesus é Senhor e crer em seu coração que Deus o ressuscitou dentre os mortos, será salvo” (Romanos 10.9). Reconheço de coração que Jesus é meu Senhor e acredito que Deus o ressuscitou dos mortos. Portanto, estou salva. Devo usar o raciocínio lógico para chegar a essa conclusão.
Então, respondendo nosso personagem, Frank, a fé cristã também é razoável e racional. Não é apenas algo que sentimos, mas também algo que podemos conhecer e saber.
“Respondeu Paulo: Não estou louco, excelentíssimo Festo. O que estou dizendo é verdadeiro e de bom senso.”
Atos 26.25
Não me sinto obrigado a acreditar que o mesmo Deus que nos dotou de bom senso, razão e intelecto tivesse pretendido que abandonássemos seu uso.
Galileo