Busca Implacável
O ciclo vicioso da vingança
Bryan Mills (Liam Neeson) é um ex-agente da CIA, que deixou o emprego para passar mais tempo com sua filha Kim (Maggie Grace). Um dia Kim viaja com uma amiga para Paris, mas Bryan não fica muito satisfeito por conta dos riscos. Então o temor de Bryan se concretiza, já que logo após a chegada, Kim e sua amiga desaparecem.
No segundo filme, após Bryan Mills ter arriscado tudo para salvar sua filha de sequestradores albaneses, o pai de um deles promete vingança pela morte do filho. Em uma viagem a Istambul, Bryan e sua ex-esposa são sequestrados. Desta vez, ele irá depender da ajuda da filha Kim para escapar, usando as mesmas habilidades para salvar a todos e eliminar os sequestradores, um por um.
Com esses filmes, Liam Neeson entrou pro Hall da Fama dos atores de ação com uma das falas mais marcantes e memoráveis (ou memeráveis) da época: “Eu não sei quem você é. Eu não sei o que você quer. Se você está procurando por resgate, posso dizer que não tenho dinheiro, mas o que tenho são um conjunto muito particular de habilidades. Habilidades que adquiri ao longo de uma carreira muito longa. Habilidades que me tornam um pesadelo para pessoas como você. Se você deixar minha filha ir agora, isso será tudo. Não vou te procurar, não vou te perseguir, mas se não, vou te procurar, vou te encontrar e vou te matar.”
É a história de um pai fazendo o possível e o impossível pra salvar sua família. Vale à pena conferir.
O segundo filme levanta um questionamento interessante: “Esse ciclo de violência tem fim?” O pai de um dos sequestradores vem atrás de Bryan pra se vingar da morte do filho no primeiro filme. Murad vai atrás da família de Bryan mais uma vez e em seu confronto final, Bryan questiona Murad:
Murad: O que você está esperando?
Bryan: Você tem outros filhos?
Murad: Dois.
Bryan: E se eu matar você, eles virão buscar vingança?
Murad: Com certeza vão.
Bryan: E eu vou matá-los também. Você pode mudar isso. Você pode ir para casa, viver sua vida, curtir seus filhos, seus netos.
Murad: E meu outro filho, Marko, o filho que você matou… devo simplesmente esquecer isso?
Bryan: Não, você apenas terá que conviver com isso. Assim como os pais de todas aquelas garotas sequestradas. Ou você pode morrer aqui.
Murad: O que você está me dizendo?
Bryan: O que estou dizendo é que, se você me der sua palavra, vou jogar essa arma no chão e simplesmente ir embora.
Como um ramo de oliveira, Bryan entrega a Murad sua arma. Mas Murad tenta atirar em Bryan, apenas para ouvir o clique inútil de uma pistola vazia. Bryan então mata Murad, mas o ciclo da vingança continua e mais uma sequência nasce. Outros vão vir atrás de Bryan, e sabemos que ele vai “matá-los também”.
O que Deus tem a nos dizer sobre a vingança?
“A mim pertence a vingança e a retribuição. No devido tempo os pés deles escorregarão; o dia da sua desgraça está chegando e o seu próprio destino se apressa sobre eles.”
Deuteronômio 32.35; Romanos 12.19; Hebreus 10.30
Então não podemos nos vingar?
Existem apenas dois momentos na Bíblia em que Deus dá aos homens permissão para vingar em Seu nome. Primeiro, depois que os midianitas cometeram atos violentos e hediondos contra os israelitas, o cálice da ira de Deus se encheu, e Ele ordenou a Moisés que liderasse o povo em uma guerra contra eles.
Em segundo lugar, Deus deu aos governantes que Ele estabeleceu sobre nós, a permissão para serem Seus instrumentos para “punir os que praticam o mal” (1 Pedro 2.13-14). Nos dois casos, tanto Moisés como os governantes não agem por conta própria, mas são instrumentos da perfeita vontade de Deus para punir os ímpios.
É tentador assumir o papel de Deus e punir aqueles que achamos que merecem. Mas porque somos criaturas pecaminosas e limitadas, é impossível nos vingarmos de forma correta e proporcional. É por isso Deus nos diz “Não procurem vingança nem guardem rancor contra alguém do seu povo, mas ame cada um o seu próximo como a si mesmo. Eu sou o Senhor.” (Levítico. 19.18)
Até mesmo Davi, um “homem segundo o coração de Deus” (1 Samuel 13.14), recusou-se a se vingar de Saul, embora ele fosse a parte inocente sendo injustiçada. Davi submeteu-se à ordem de Deus de renunciar à vingança e confiar Nele: “O Senhor julgue entre mim e ti. Vingue ele os males que tens feito contra mim, mas não levantarei a mão contra ti.” (1 Samuel 24.12).
Nosso julgamento é inadequado pois nossa visão se turva de ira e raiva quando nos fazem o mal. A vingança, em nossas mãos, se torna um ciclo vicioso, sem fim e cada vez mais violento. Pois a nossa ira é apaixonada e sempre carente de um elemento de controle, mas a ira de Deus é sempre justa e proporcional.
Como cristãos, devemos seguir a ordem do Senhor Jesus de “amar os seus inimigos e orar pelos que os perseguem” (Mateus 5:44), deixando a vingança para Deus.
Agora, vamos deixar claro que estamos falando de vingança, algo ruim já aconteceu e agora você busca agir em retribuição. É diferente de usar a força para se proteger ou proteger alguém enquanto algo ruim está acontecendo. Alguém está sendo estuprado na sua frente e você pode ajudar? Então o faça. Não é pecado tentar proteger alguém que está sendo ferido.
A vingança é outra coisa, é o que você faz com a raiva APÓS a agressão ou ofensa ter passado. Neste ponto, você não pode mais agir, se um crime foi cometido, então a polícia é quem deve agir. E se a ofensa não foi um crime, mas você se sente magoado e ferido, é hora de buscar o perdão e não a retribuição, pois essa pertence ao Justo Juiz, nosso Senhor.