A Lista Terminal
A vingança é plena?
Adaptada de um romance de Jack Carr, a série segue James Reece. Depois que todo o seu pelotão de Navy SEALs é emboscado durante uma missão secreta, Reece volta para casa com memórias conflitantes do evento. Com a ajuda do amigo e ex-SEAL Ben Edwards e da jornalista investigativa Katie Buranek, Reece quer descobrir mais sobre o que aconteceu. No entanto, à medida que novas evidências vêm à tona, Reece descobre forças trabalhando contra ele, colocando em risco não apenas sua vida, mas a vida daqueles que ele ama. Logo ele se vê caçando os responsáveis em um ato de vingança.
Chris Pratt teve aqui a chance de mostrar uma atuação mais séria e conseguiu. Ele usa dor tão bem quanto usa determinação. Suas reações e mudanças de humor parecem naturais, apesar do fato de que esse papel o puxa em muitas direções diferentes.
Fica claro que Pratt colocou muito treinamento nesse papel. Na verdade, você meio que esquece que ele nunca foi um SEAL na vida real. Seus movimentos, desde a maneira como ele anda até a maneira como lida com sua arma, parecem ser algo que ele domina há anos.
Os outros atores também fazem um bom trabalho. Wu está muito bem como a jornalista determinada a chegar à verdade. No início parecia que ele ia ser apenas a jornalista irritante no caminho de Reece, mas muitas vezes me vi torcendo por ela.
Este é o tipo de entretenimento que costumava ser feito antigamente. Não mais. Séries como essa são poucas nos dias de hoje. Temos aqui uma série que privilegia a história, o enredo, sobre mensagens ou ideologias. É uma série que se propõe a entreter com uma boa história. Os temas e ideias dessa série são tecidos no enredo, bem como na jornada dos personagens.
A série não é necessariamente fácil de assistir e às vezes é sombria. Mas isso faz parte do enredo sendo contado e dos diferentes caminhos que os personagens percorrem.
Vingança nunca é plena, mata a alma e envenena.
Essa série mostra muito bem esse conceito. Conforme Reece vai descobrindo toda a história por trás da morte de seus colegas e familiares ele decide seguir o caminho da vingança. Ele entende que faz justiça, mas não é de fato assim. Ele não tenta em nenhum momento trazer os culpados à polícia e à justiça como a jornalista sugeriu tantas vezes. Ele era o acusador, juiz e o executor.
E isso o desumanizou, lá pela metade da série a vingança tinha tomado conta de sua alma de tal forma que nada e nem ninguém importava mais. Ele não só colocava seus amigos em risco e os expunha a prisão como começou a chantageá-los emocionalmente para continuar ajudando em sua vingança: “Eu te salvei, você não estaria aqui se não fosse por mim, agora você precisa me ajudar”.
Ele se perdeu, e nesse momento da série eu já estava mais interessada na jornada da jornalista do que na dele. Alguns episódios depois, no momento que ele estava se preparando para matar um agente do FBI que o estava perseguindo, ele se deu conta de que sua sede de vingança estava o tornando tão mal quanto aqueles que ele estava caçando. Ele não desiste realmente da vingança, mas se torna mais cuidadoso.
Nós não sabemos lidar com a vingança e Deus nos proibiu de seguir esse caminho: “A mim pertence a vingança e a retribuição. No devido tempo os pés deles escorregarão; o dia da sua desgraça está chegando e o seu próprio destino se apressa sobre eles.” (Deuteronômio 32.35; Romanos 12.19; Hebreus 10.30).
Nosso julgamento é inadequado pois nossa visão se turva de ira e raiva quando nos fazem o mal. A vingança, em nossas mãos, se torna um ciclo vicioso, sem fim, e cada vez mais violento. Pois a nossa ira é carente de um elemento de controle, mas a ira de Deus é sempre justa e proporcional.
Reece é um homem de pouca fé. Quando mencionam a provação de Jó, ele diz que ao contrário de Jó, ele falhou na sua provação. Temos algo valioso que o descrente não tem – a certeza de que nenhuma injustiça cometida nesse mundo passa despercebida por Deus e que todas elas serão julgadas e punidas de acordo, nessa vida ou no porvir.
Devemos sempre buscar a justiça, mas a vingança essa deixamos para o Senhor, o justo juiz.