Morbius
A pressa e a fé
O filme é baseado na história em quadrinhos da Marvel de mesmo nome e conta a história do Dr. Michael Morbius, um médico hematologista renomado que procura uma cura para uma doença sanguínea que o afligiu e a seu amigo por toda a vida. Ele conseguiu até agora criar um tipo artificial de sangue para terapias intravenosas, mas seu projeto atual é um procedimento experimental pelo qual se injeta os coagulantes de morcegos vampiros no DNA humano para criar uma quimera genética capaz de curar a doença.
Quando ele cria um composto estável e testa em si mesmo, ele se vê transformado em uma espécie de vampiro ansiando por sangue humano. Agora ele está foragido, buscando uma cura para sua nova condição enquanto seu amigo de infância, Milo quer o composto para si não importando que isso o transforme em um vampiro assassino.
O enredo é bastante simples e fácil de entender e acompanhar. O que não faz sentido nenhum são as cenas pós crédito. Elas não tem nenhuma coerência com o filme que acabamos de ver. O problema é que Morbius é na verdade um vilão do Homem-Aranha, mas neste filme, ele é praticamente um herói, que cometeu um erro, mas um herói mesmo assim. Mas quando chegamos à cena pós crédito, de repente, os roteiristas lembraram: “Ei, esse cara é um vilão, e estamos tentando formar um grupo de vilões aqui – Sexteto Sinistro!”
Simplesmente… horrível.
Eu realmente não entendo como Morbius consegue alguns de seus poderes sobrenaturais anexando o DNA de um morcego ao seu. Os morcegos não viram fumaça e certamente não se alimentam exclusivamente de sangue humano, qualquer mamífero tá valendo. Morbius não deveria ter tentado, tipo, sangue de vaca antes de concluir que apenas sangue humano poderia sustentá-lo?
Mais coisas que passaram pela minha cabeça enquanto eu assistia esse filme:
- Então Morbius deve ser um cara realmente muito inteligente para transformar um laboratório de imprimir dinheiro falso em um laboratório bioquímico altamente tecnológico.
- Na batalha final, Milo também não seria capaz de controlar os morcegos?
- Por que só a assistente se tornou um vampiro depois de mordida? Eles morderam muita gente…
- “Para morcegos são letais, para humanos são mortais” Gente… letal e mortal são sinônimos. Pior frase de efeito de todos os tempos.
- “Eu sou Venom!”. Ninguém além dos personagens principais do filme do Venom sabem quem é Venom e como ele se chama.
- Morbius não disse que ia injetar veneno em si mesmo para livrar o mundo de sua terrível criação? Por que ele não o fez?
Acho que os escritores estavam procurando algum tipo de metáfora para a bioética e o custo de brincar com a ciência, mas esse filme é uma versão muito fraca desse enredo. Poderíamos falar sobre os limites da ciência, mas pensei em falar sobre outra coisa. Em como às vezes apressamos as coisas sem pensar nas consequências.
Morbius apressou sua descoberta científica com resultados terríveis. Um estudo desse tipo exigiria anos de observação cuidadosa, testes e avaliações rigorosamente regulamentados. Qualquer coisa menos que isso seria antiética e ilegal. E temos essas regras porque é muito perigoso.
Vemos na Bíblia personagens que também tentaram apressar as coisas. Produzir suas próprias soluções para um problema sem consultar a Deus. Como Sara, por exemplo. Ela queria dar um filho a Abraão, mas estava demorando muito e ela estava perdendo a fé na promessa de Deus. Então, ela decide apressar as coisas, dando sua serva Hagar a Abraão e gerando um filho através dela. Não era assim que a promessa de Deus deveria se cumprir e as coisas desandaram a partir daí. Ismael deu à luz uma nação, e até hoje os filhos de Isaque e de Ismael estão em conflito um com o outro, derramando sangue ao longo dos séculos.
Os fins, por melhores que sejam, não justificam os meios. E correr para chegar a esse fim sem responsabilidade ou consultar a Deus pode piorar ainda mais as coisas. Devemos deixar nossas ansiedades aos pés da cruz, devemos respirar e lembrar que Deus está no controle de tudo.
Mas talvez, a coisa mais importante que devemos lembrar é que esta vida aqui na Terra é apenas uma vírgula de nossas vidas eternas. Quando Deus vier criar novos céus e nova terra, não nos lembraremos mais de nenhum sofrimento que experimentamos aqui. Só haverá espaço para a alegria.
Então, enquanto estamos aqui, vamos nos concentrar na obediência e ter fé de que tudo ficará bem no final. Não há necessidade de apressar os planos de Deus.