Avatar
O mito do bom selvagem
O fuzileiro naval Jake Sully decide assumir o lugar do seu irmão em uma missão no distante mundo de Pandora. Lá ele descobre as intenções de Parker Selfridge de expulsar o povo nativo Na’vi para minerar um precioso minério. Em troca da cirurgia na coluna que consertará suas pernas, Jake se infiltra na tribo dos Na’vi com o uso de um corpo “avatar” e reúne conhecimento de sua cultura para a unidade militar liderada pelo Coronel Quaritch. Enquanto Jake começa a se relacionar com a tribo e rapidamente se apaixona por Neytiri, o Coronel avança com suas implacáveis táticas de extermínio, forçando Jake a revidar em uma batalha pelo destino de Pandora.
Avatar nos trouxe o mais perto que o cinema já chegou de realmente visitar um mundo alienígena. Os belos ambientes, as criaturas exóticas e os nativos incrivelmente realistas de Pandora capturam os nossos sentidos. A quantidade de detalhes e trabalho que foi feito para dar vida a este novo mundo é impressionante. Foi o único filme que teve um bom 3D até… Avatar 2.
Sam Worthington e Zoe Saldana estão bem em seus papeis como Na’vis de 2,5 metros de altura. Mesmo os personagens sendo alienígenas azuis, gigantes e felinos, eles conseguiram mostrar uma bela química.
A história é simples e agradável – a jornada de um herói, mas os vilões são caricatos. Apesar de ter um bom desenvolvimento do herói, a lição principal foi um pouco simplista: os humanos são ruins. Nativos bons.
De vez em quando o mito do “bom selvagem” volta ao cinema. Aqueles que vivem em uma sociedade moderna de alta tecnologia são os verdadeiros bárbaros porque estão destruindo o mundo natural com consumismo e ganância – os selvagens urbanos. Mas os indígenas mostram o caminho certo. São eles que vivem em harmonia com a Mãe Terra. Em sua inocência edênica, eles vivem em uma bela integração e harmonia com o mundo natural.
Mas é claro que isso não é historicamente verdadeiro. Embora houvesse algumas tribos que eram caçadores-coletores mais pacíficos, a maioria dos povos indígenas seguia (ou segue) sistemas de crenças obscuros. Presos em ciclos de vingança e animismo supersticioso, muitas tribos eram (ou são) guerreiras, violentas, canibais e assim por diante.
Ambas as ideias – o bom selvagem e o selvagem urbano – são generalizações simplistas e como todas as generalizações, não expressam bem a verdade.
O fato é que tanto o humano na selva quanto o humano na cidade são muito parecidos. A Bíblia afirma que os seres humanos foram criados bons porque foram criados à imagem de Deus, mas foram corrompidos pelo pecado. Tanto o homem da cidade quanto da selva são pecadores e agirão de maneira corrupta.
Como está escrito: “Não há nenhum justo, nem um sequer; não há ninguém que entenda, ninguém que busque a Deus. Todos se desviaram, tornaram-se juntamente inúteis; não há ninguém que faça o bem, não há nem um sequer”.
Romanos 3.10-12
E ambos podem ser resgatados. É a fé cristã que estabelece a realidade e oferece a necessária salvação por meio de Jesus Cristo. Nele podemos ser salvos e mudados, podemos nos libertar das amarras do pecado e ser mais amorosos com nosso próximo e com o mundo em que vivemos.
Mesmo assim não podemos alcançar este mundo e sociedade perfeitos porque ainda habitamos um corpo corrompido. Mas essa utopia incrível, pacífica e próspera que os homens tanto almejam não é apenas possível, mas real. Virá quando Deus trouxer a Nova Terra e os Novos Céus.
Gaia – a Mãe Terra?
Em Pandora, as árvores e a vida vegetal formaram conexões eletroquímicas entre suas raízes que efetivamente agem como neurônios, criando um “cérebro” que alcançou a consciência, conhecido pelos Na’vi como Eywa.
Esta é obviamente uma representação do mito da Mãe Terra ou Gaia que de vez em quando também aparece nos filmes.
Não deveria ser surpresa que o mundo ocidental tenha se tornado cada vez mais pagão nas últimas décadas. O politicamente correto, o relativismo moral, o pluralismo religioso e a insatisfação com a visão de mundo judaico-cristã ajudaram a atiçar as chamas dessa mudança religiosa. Já faz algum tempo, houve um grande movimento da humanidade se distanciando do Deus patriarcal da Bíblia em direção à adoração da criação ou da Mãe Terra.
A cosmovisão básica que nos influenciou nessa direção é o panteísmo, a crença de que tudo é Deus e Deus é tudo. É o ensinamento de que tudo é divino por natureza. Esta é a visão de mundo do hinduísmo. É também a base para o Movimento da Nova Era e influencia a visão de mundo neopagã Wicca, baseada em antigos cultos de fertilidade.
Na Grécia antiga, a própria terra era conhecida como a mãe de todos os seres vivos. Gaia, a deusa grega da terra, logo se tornou reconhecida como a Mãe Terra ou Mãe Natureza. As religiões antigas que adoram a natureza se manifestam não apenas nesses movimentos religiosos específicos, mas também têm sido profundamente influentes no movimento ambientalista.
Muitos acreditam que essa influência começou em 1972, quando James Lovelock, um cientista britânico, apresentou sua hipótese de Gaia. Ele afirmava que Gaia é a Mãe Terra, que ela é imortal, a fonte de toda a vida e a Mãe de todos nós, incluindo Jesus. Essa hipótese vê a Terra como um organismo vivo real, evoluindo e crescendo continuamente e controlando a evolução geológica e biológica de todas as coisas. Em Avatar, Ewya é bem parecida com isso, viva e consciente.
Outro panteísta evolutivo é Rupert Sheldrake, que disse que o moderno “Movimento Verde”, crescendo em todo o mundo, está comprometido com a mesma ideologia. Realmente os ativistas ambientais na política são fortemente influenciados por essas ideias.
E o que a Bíblia tem a dizer sobre isso?
“Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos e trocaram a glória do Deus imortal por imagens feitas segundo a semelhança do homem mortal, bem como de pássaros, quadrúpedes e répteis. Trocaram a verdade de Deus pela mentira, e adoraram e serviram a coisas e seres criados, em lugar do Criador, que é bendito para sempre. Amém.”
Romanos 1.22-23,25
Esse texto bíblico nos mostra o que Deus pensa sobre o assunto. É uma troca da verdade pela mentira, uma adoração da criatura em vez do Criador.
Um dos pontos que Paulo destaca neste texto é que quando a humanidade decide não reconhecer o Deus Criador, as pessoas não param de adorar. A humanidade tem um apetite espiritual embutido por ter sido feita à imagem de Deus. A verdade é que as pessoas não podem deixar de adorar algo. Em vez de se tornarem ateus, na maioria dos casos elas se tornam politeístas ou panteístas. Como Paulo explica, elas adoram a criação. Portanto, não devemos nos surpreender que exista tanta pressão para que todas as culturas do mundo reverenciem a Mãe Terra. O mandato de cuidar da Terra de Gênesis 1 é distorcido em adoração.
É claro que adorar a criatura em vez do criador provoca a ira de Deus (Romanos 1.18). Fora que é inútil. Todas as religiões pagãs, incluindo o culto à deusa/Terra, buscam paz e harmonia com a natureza, pensando que esta é a solução para todos os males da humanidade. Mas ignora o fato de que o problema não é externo, mas interno – no coração humano. Tentar salvar o meio ambiente não salvará nossas almas nem trará uma utopia. Os seres humanos são corruptos (Romanos 3.10-18). Somente o poder transformador do Espírito Santo oferecido graciosamente em Cristo pode nos levar à terra prometida.
O bom selvagem e a Gaia são as ideias desvirtuadas que devemos estar cientes ao assistir essa franquia. Mas também há bons valores nesses filmes, Avatar 1 serve como um aviso sobre não sermos bons mordomos como Deus nos ordenou em Gênesis e destruir de forma imprudente e gananciosa todos os ambientes e vida selvagem.
Já em Avatar – Caminho da Água… bem, essa é uma longa história para outro post. Fique ligado!
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