Capitã Marvel
Em busca de identidade
Em Capitã Marvel, Carol Danvers (Brie Larson) é uma ex-agente da Força Aérea norte-americana, que, sem se lembrar de sua vida na Terra, é recrutada pelos Kree para fazer parte de seu exército de elite. Inimiga declarada dos Skrull, ela acaba voltando à Terra para impedir uma invasão dos metamorfos, e assim, com a ajuda do agente Nick Fury (Samuel L. Jackson) e da gata Goose, vai acabar descobrindo a verdade sobre si mesma.
É impossível não comparar esse filme com Mulher Maravilha (MM), pois Capitã Marvel (CM) certamente foi a reação da Marvel ao primeiro e bem-sucedido filme protagonizado por uma heroína da DC. Mas, enquanto eu ficaria feliz em rever MM e acho a cena da “terra de ninguém” uma das melhores cenas em filmes de heróis, eu só assisti CM uma vez e nunca mais assistirei. Para resumir minha opinião, é um filme chato e sem emoção. Agora vamos aos detalhes.
Essencialmente, o tema central deste filme é libertar o seu eu interior para alcançar todo o seu potencial. É uma metáfora para encorajar as mulheres e todos a se tornarem o melhor que podem ser, não agindo da maneira que os outros querem, mas abraçando suas emoções e quem você realmente é, independentemente de gênero ou normas sociais ou qualquer outra coisa.
Bom, essa é uma ideia bem secular. Nossa cultura nos diz que você deve olhar para dentro de si a fim de descobrir e expressar seus desejos e sonhos mais profundos. Você mesmo precisa fazer isso, e não confiar em ninguém de fora para reafirmá-lo e lhe dizer quem você é. Resumindo, não recorra a mais ninguém para validá-lo. Não use padrões externos. É você quem confere o veredicto de importância a si mesmo.
Esse é UM caminho para encontrar sua identidade, olhar para dentro. São aqueles que não acreditam em uma ordem cósmica, mas que acabam dependendo da comparação e de modas passageiras para encontrarem autoestima. Outro caminho é olhar para fora de si. É o caminho da tradição, de pessoas que se voltam para o seu dever e papel na comunidade a fim de encontrar seu eu e colocam em outras pessoas tão falhas quanto elas o poder de decidir o seu valor.
Mas existe uma terceira opção – não olhar nem pra fora nem pra dentro, mas pra cima. O que importa não é o que a sociedade diz nem o que eu penso de mim, mas o que Deus diz e pensa.
A consideração de Deus não se baseia nos nossos esforços meia-boca, mas em seu amor incondicional e imutável por nós. A identidade do cristão não é algo que se alcança, mas que se recebe através de Cristo Jesus. Andar com Deus significa que só os olhos e a opinião dele importam.
Se outros disserem coisas excessivamente negativas ou positivas a seu respeito, você não se sente destruído nem fica todo cheio de si (2Co 12.10). Você se conhece como pecador repleto de fraquezas, mas também como cidadão da cidade celestial, filho do rei do Universo e amigo daquele que o formou (2Co 4.17,18).
Como diria o Mandaloriano, esse é o caminho.
Capitã Marvel em como não escrever um personagem
MM e CM são as primeiras grandes participações de super-heróis femininas e ambos incluem elementos de empoderamento feminino, mas onde o MM é bem-sucedido, CM falha.
Diana em MM é muito poderosa. Ela derrota os exércitos alemães e o próprio o deus da guerra, mas, apesar disso, o filme nos mostra que Diana é falha e tem conflitos internos. Ela não consegue deter os alemães a tempo e uma aldeia cheia de civis morre por causa disso. Também não é capaz de parar o mal da humanidade a tempo e o amor de sua vida morre por causa disso. No geral, embora saibamos que Diana vai sobreviver, sempre há uma sensação constante de riscos e ameaças.
Carol é uma versão atualizada de Diana que não tem falhas ou fraquezas. Ela não faz esforço, não perde, não duvida de suas próprias capacidades, nada. Praticamente a CM é um espécime perfeito que pode simplesmente superar todos os obstáculos em seu caminho. Ela cai do espaço, mas rapidamente se torna super saiyan e aprende a voar. Ela é capturada por um exército de inimigos alienígenas e apenas bate em todos eles sozinha e ainda destrói sua nave inteira enquanto ainda está amarrada.
Resumindo, CP é uma Mary Sue (tem um post sobre isso aqui no perfil) e o público, homens ou mulheres, não se identifica com esse tipo de personagem perfeito, sem falhas, sem inconveniências, sem conflitos internos. É um personagem sem altos e baixos ou curva de aprendizagem, simplesmente chato.
Mesmo que a Capitã Marvel fosse substituída por um ator, ninguém se importaria com essa versão também. Ninguém quer ver alguém que é todo poderoso e sempre vence, não há emoção em uma história assim.
“Ah são dois universos diferentes.” Vamos falar sobre o mesmo universo então. Wanda Maximoff sempre foi uma personagem melhor que a CM porque Wanda é tridimensional, teve lutas claras, triunfos, conflitos internos e suas motivações fazem sentido mesmo quando não concordamos com elas. Wanda é sem dúvida uma das personagens mais poderosas de todo o MCU e, como ela é mais desenvolvida como personagem, a gente fica curioso pra saber como a história vai terminar.
Para fazer Carol Denvers parecer “poderosa”, o filme apenas a tornou mais masculina, o que contraria o propósito de empoderamento feminino na minha opinião. O feminino tem seu próprio papel na história e nos planos de Deus e ele não precisa tornar-se mais masculino para alcançá-los. Pelo menos para a MM eles fizeram Diana forte, porém feminina. Mas Capitã Marvel tinha o carisma de uma caixa de papelão.
“Ah, mas eles tentaram subverter as expectativas e optaram por um personagem menos feminino do que a MM, não dá pra comparar.” Não concordo muito, mas vamos lá, vamos compará-la com outra personagem não muito feminina – Sarah Connor. Tenho que dizer mais? Se você viu o Exterminador do Futuro 2, sabe qual personagem é mais relacionável e memorável.
Capitã Marvel é retratada como uma protagonista que tem que manobrar em um mundo dominado por homens, onde eles estão constantemente dizendo a ela o que ela pode e não pode fazer. Também vimos isso em MM, mas aqui não funciona. Em primeiro lugar, porque é feito de forma tão artificial que acaba tirando você completamente da imersão na história.
Em segundo lugar, se você quer contrastar sua protagonista com o mundo que ela não pertence, você não pode simplesmente torná-la igual a esse mundo. Em MM, a razão pela qual Diana é uma personagem tão interessante e memorável é porque ela é essa alma super otimista e gentil em um mundo tortuoso e sombrio, mas aqui, embora a CM seja construída pra ser injustamente maltratada por homens idiotas ela é tanto, se não mais, idiota ela mesma. Ela mata sem remorso, quebra coisas sem motivo e passa aquele ar de arrogância pra fechar o pacote.
Hollywood parece que perdeu a mão. Esqueceu como se faz bons personagens, principalmente as femininas. Confunde assertividade e confiança com arrogância e grosseria e constrói personagens sem defeitos ou dificuldades.
Ei, a Disney podia fazer um filme “Capitã Marvel vs Rey Palpatine”.
SINOPSE: “Duas perfeitas perfeccionistas perfeitamente perfeitas realizando perfeitamente o perfeccionismo com perfeição.” #ficaadica
Referências: Filmento (Youtube) e Timothy keller – Deus na Era Secular