Castelo Animado
Em busca do equilíbrio
Sophie é uma chapeleira de 18 anos, responsável e simples, que vai à padaria para visitar sua irmã Lettie e encontra por acaso um misterioso mago chamado Howl. Mas a bruxa das Terras Abandonadas, com ciúmes de Sophie, a transforma em uma idosa de 90 anos.
Com a intenção de reverter a maldição, Sophie sai em busca de uma cura. Ao longo do caminho, ela conhece o Espantalho Cabeça-de-Nabo, que a leva até o Castelo Animado de Howl, e o demônio do fogo encantado Calcifer, que se oferece para quebrar a maldição em troca da ajuda de Sophie em quebrar o feitiço que mantém Calcifer preso ao castelo. Sophie então se propõe a ser faxineira do castelo de Howl. Agora, ela deverá usar toda sua sagacidade e determinação para encontrar uma solução para seu problema e quebrar a maldição.
O Castelo Animado é baseado em um popular livro infantil de 1986 escrito pela autora de fantasia Diana Wynne Jones (que estudou no St. Anne’s College em Oxford, assistindo a palestras de C. S. Lewis e J. R. R. Tolkien). Ela até batizou uma casa de Rivendell.
É um conto realmente encantador, mas que fica confuso conforme o filme avança, a ponto de eu não entender parte do enredo no final. O que Sophie estava tentando fazer com o castelo em movimento e Calcifer no final? Por que eles simplesmente adotaram a Bruxa das Terras Abandonadas? Quem ou o que era o cachorro? Parecia que as peças não se encaixavam bem, então resolvi ler o livro e pesquisar na internet.
Parte da confusão vem de tentar encaixar todo esse livro em um filme de duas horas. E parte vem de mudanças na história original a ponto de terem que dar diferentes explicações e soluções para as tramas originais. Por exemplo, não há guerra no livro, Suliman é um personagem completamente diferente e a Bruxa das Terras Abandonadas é a principal vilã ao longo de toda a história.
Depois de estudar um pouco, acredito que podemos dizer que o filme é sobre uma coisa: coração
Sophie tem muito coração, presa por responsabilidades e noções preconcebidas. Por exemplo, ela recusa o convite das amigas e continua trabalhando na chapelaria. Quando a irmã pergunta: “Você vai passar a vida naquela loja?”, Sophie responde: “Significou muito para o papai. Além disso, sou a mais velha.” Mas quando Sophie se transforma em uma velhinha, suas perspectivas sobre a vida começam a mudar, pois o bom de ser velho é que se tem “tão pouco a perder“. Ela se torna mais assertiva, assumindo o trabalho de faxineira no Castelo de Howl e até convence Calcifer a cozinhar sua comida. Ela assume mais riscos e se torna mais aventureira.
Para Sophie, a lição é que ela pode ser responsável e viver um pouco ao mesmo tempo. Ela estava tão envolvida com o fardo da responsabilidade e ideias mal concebidas sobre si mesma que estava mantendo sua própria maldição viva. Sophie teve que aprender a equilibrar a vida e suas expectativas, a ajudar e ser ajudada, a reconhecer que há hora de limpar a casa e hora de “cheirar as rosas”. Por fim, ela teve que aprender que as aparências são passageiras, mas o amor é para sempre.
Howl, por outro lado, não tem coração; ele gosta de fugir de responsabilidades e laços. Até a casa dele se move. Ele está disfarçado de magos diferentes em países diferentes, e quando Sophie pergunta quantas identidades ele tem, ele diz “O suficiente para garantir minha liberdade“. Quando Sophie confronta a Feiticeira Suliman, ela diz que Howl é “egoísta, covarde e imprevisível, mas ele é honesto“. Mas, de acordo com Suliman, o poder de Howl é muito grande para uma pessoa sem coração e ele acabará se tornando um monstro.
Para Howl, seu ponto de virada ocorre quando ele se recusa a mover seu castelo e decide parar de fugir, optando por defender seus entes queridos. Mesmo antes de recuperar seu coração, ele deixa de ser insensível. Howl é uma mistura do Homem de Lata, que quer um coração, e do Leão Covarde, que quer coragem, de O Mágico de Oz.
Concluindo, o filme é visualmente criativo, divertido e me ajudou a imaginar muito bem esse mundo diferente. Mas em termos de enredo, eu prefiro o livro; retrata muito melhor os personagens.