Thor – Mundo Sombrio
Valores ultrapassados?
A destruição da ponte Bifrost no final do primeiro filme transformou os nove reinos em caos. Thor (Chris Hemsworth), passou os últimos dois anos ocupado restaurando a ordem nesses reinos. Mas à medida que um raro evento astronômico se aproxima, um antigo mal ressurge, procurando mergulhar toda a criação na escuridão eterna. Cabe a Thor, ao lado de seu interesse amoroso Jane Foster (Natalie Portman) e seu traiçoeiro irmão Loki (Tom Hiddleston) salvar o dia.
A vantagem de Mundo Sombrio sobre o primeiro filme de Thor é que a maior parte da ação não acontece na Terra, mas em Asgard. Podemos ver “deuses” em guerra em uma cidade que parece pertencer a um conto de fantasia épico. E é isso que este filme é – um conto de fantasia, com apenas alguns toques do gênero de super-heróis.
Os atores fazem um ótimo trabalho, os efeitos visuais são bons como sempre, mas não posso dizer o mesmo da narrativa. O que eu percebi ao pesquisar para esse texto, foi que o filme sofreu grandes mudanças na pós-produção para melhor se adequar ao “molde” dos Vingadores. Eles queriam um clima mais leve e cheio de piadas. Mas algumas foram bem desnecessárias como o Dr. Selvig ficando louco e nu em Stonehenge e Thor pegando o metrô no meio de seu confronto com o vilão.
Mundo Sombrio deveria ser um conto sobre o passado de Asgard voltando para assombrá-los e para isso eles contrataram um diretor de Game of Thrones. A ideia, como o nome do filme indica, era uma história mais sombria.
Como o filme deveria ser sobre os pecados passados de Asgard, algumas coisas parecem um pouco fora de lugar, como Thor traçando paralelos diretos entre o reinado de Odin e de reis anteriores e a moralidade dos elfos negros, porque ambos mataram em busca de seus objetivos. É uma comparação que não faz muito sentido no corte final porque nesta versão, Asgard estava apenas defendendo a vida e a paz. Não havia pecado do qual se arrepender, nenhum crime de guerra.
A cena em que Thor diz ao seu “pai” que não queria o trono porque queria continuar sendo uma boa pessoa, também faz pouco sentido. Nesta versão, Odin e os reis do passado eram bons reis que fizeram o que tinha que ser feito. Não há nada que nos mostre pecados passados ou corrupção da parte de Borr ou Odin e, no presente, ele estava apenas cego pela dor.
Outra mudança foi o final. Originalmente teríamos um encerramento entre Thor e Jane. Ela chegaria à conclusão de que é impossível ter um relacionamento com o Deus do Trovão e futuro rei de Asgard – suas vidas e realidades são muito diferentes. Isso concluiria seu arco juntos. Em vez disso, temos Jane “esperando” por uma ligação de Thor sabe lá quando, e Loki roubando o trono de Asgard. Algo tão desinteressante que foi desfeito logo no início do terceiro filme – Ragnarok.
Thor evoluiu de orgulhoso e implacável para sábio e misericordioso. Agora, ele sempre dá a seus oponentes a chance de se render. Ele não usa violência se meios pacíficos são possíveis. É bom vê-lo se tornando um verdadeiro herói e mais sábio.
A maneira como Thor não desiste de seu amor e permanece fiel a Jane, apesar de tantos obstáculos, eleva o filme refletindo os valores de compromisso, heroísmo e fidelidade. Na era do individualismo, carpe diem, seguir seu coração, relacionamentos abertos e da busca pelo prazer como o principal impulso e propósito de vida; compromisso e fidelidade estão em extinção. E as pessoas estão sofrendo por isso, quer percebam ou não.
Além disso, Thor constantemente coloca sua vida em risco por quem ama, dando tudo de si para mantê-los seguros, lembrando João 15.13: “Ninguém tem maior amor do que aquele que dá a sua vida pelos seus amigos”.
Não é difícil dizer que gostamos de nossa família e de nossos amigos, mas quantos realmente se sacrificam por eles? Muitas vezes, não sacrificamos nem o nosso tempo para estar com eles e que dirá algo mais custoso.
O que mais ouço é: por que devo fazer algo por X ou Y se eles não fazem nada por mim? Deixando de lado os relacionamentos abusivos, não é assim que o amor funciona. Amar é dar sem esperar nada em troca.
Considere nosso relacionamento com Deus. O que poderíamos dar a Deus que ele já não tenha? Ele não precisa de nós, mas nos criou para compartilhar seu amor conosco. Ele não recebeu nada de nós além de rebelião, mas deu sua vida por nós.
Vamos seguir o exemplo de Cristo: amar ao próximo como a nós mesmos. Vamos pensar mais nas pessoas ao nosso redor e menos em nós mesmos. Faça isso e observe como Deus, aos poucos, vai consertar seu coração e seus relacionamentos.