Assassin’s Creed
Assassinos ou Templários… quem está certo?
Nos jogos Assassin’s Creed, sempre vemos duas organizações secretas buscando a paz mundial de maneiras antagônicas – a Irmandade dos Assassinos e a Ordem dos Templários. Então vamos tentar descobrir que lado está certo e que lições podemos tirar desses jogos.
A Ordem Templária
Sua visão de uma sociedade perfeita, a Nova Ordem Mundial, é aquela que envolve um governo mundial sob seu domínio direto ou via manipulação nos bastidores. Os Templários se infiltraram nos governos ao longo da história para se posicionar nos mais altos escalões do poder, operando como um “deep state”.
Eles entendem que os seres humanos são inerentemente egoístas, irracionais e suscetíveis à corrupção. Também não acreditam que o livre-arbítrio seja a abordagem certa porque desconfiam da capacidade humana de compaixão. Essas são falhas que nunca podem ser totalmente superadas, apenas suprimidas por meio da disciplina imposta pela autoridade e que a verdadeira paz só pode ser alcançada quando a humanidade é pastoreada por uma sociedade de indivíduos iluminados – eles mesmos.
Acreditando que todos os meios podem ser justificados pela nobreza de seu ideal, os Templários têm um longo histórico de medidas coercitivas, violência política indiscriminada e terror de estado, e isso catalisou o surgimento da Irmandade dos Assassinos, precipitando uma guerra oculta de milênios entre os dois lados.
O problema dos Templários é que a natureza da Ordem, que envolve a aquisição e o exercício do poder total, torna os Templários altamente suscetíveis à arrogância e à corrupção. Se os humanos são inerentemente corrompidos, por que os líderes da Ordem dos Templários seriam diferentes?
Muitos usaram a causa dos Templários como um escudo ou trampolim para promover seus próprios desejos egoístas e cruéis, alcançando o poder não para o benefício da humanidade, mas em benefício próprio. Pessoas como Thomas Hickey ou Juan Borgia, por exemplo, usaram as consideráveis conexões, riqueza e poder da Ordem para obter riqueza e vantagens para si próprios.
Irmandade dos Assassinos
É uma organização secreta dedicada a proteger a humanidade de abusos de poder, governo coercitivo e injustiça. Como o termo assassino alude, seus métodos giram em torno de operações furtivas, violência seletiva e o assassinato daqueles considerados opressores sob a crença de que isso minimiza a perda de vidas inocentes. Eles também acreditam que lutam em nome daqueles que não possuem habilidades, recursos ou conhecimento para lutar contra aqueles que abusam de seu poder.
Sua filosofia política é definida em seu credo: “Nada é verdade, tudo é permitido.”
“Nada é verdade” está relacionado ao relativismo moral. É uma afirmação de que a Verdade, como uma visão de mundo absoluta e sem falhas, aplicável a todos os contextos, não existe – ou se existe, então os seres humanos não têm a capacidade de conhecê-la.
E “tudo é permitido” serve como um lembrete de que não podemos presumir uniformidade na natureza. Os padrões de comportamento do presente podem não ser os mesmos no futuro, na natureza e na sociedade. O que achamos certo e moral hoje pode não ser o certo e moral amanhã.
Os Assassinos acreditam que a preservação do livre arbítrio é uma condição necessária para a harmonia humana, enquanto os Templários acreditam que a humanidade só pode encontrar uma paz duradoura através da imposição de um governo mundial sob seu controle.
Ao contrário dos Templários, que condenam a humanidade como irremediavelmente corrupta, os Assassinos têm fé na humanidade. Eles argumentam que a humanidade deve passar pela lenta e árdua jornada de desenvolvimento da tolerância com suas diferenças; que a paz é produto da educação e não da força, e que isso só é possível sem o controle rígido que os autoritários defendem.
Ironicamente, apesar da visão otimista dos Assassinos sobre a humanidade, eles nem sempre mantêm essa fé quando se trata dos inimigos de sua causa. Para muitos Assassinos, a compaixão atua como uma grande motivação, que paradoxalmente se traduz em violência e assassinato.
O problema com os Assassinos é que eles acreditam que os seres humanos realmente não sabem nada. Mas este é o problema do relativismo, se não há certeza da verdade, como alguém pode saber que a afirmação “não há certeza da verdade” é VERDADEIRA? No fundo, os Assassinos deveriam admitir que o caminho dos Assassinos poderia ser falso ou não ser o ÚNICO caminho para alcançar a paz. Se eles não têm nenhuma certeza qual seria a motivação para lutar contra os Templários? Como eles poderiam afirmar que os Templários estão errados e eles certos?
E que lado está certo? No final das contas “ninguém vai ganhar, vai todo mundo perder”. Pois nenhuma quantidade de educação, livre arbítrio ou controle autoritário resolverá o problema da humanidade.
Os Templários estão certos quando identificam a corrupção humana inerente, mas sua solução só levará a mais sofrimento e será corrompida em sua essência, uma vez que é liderada por humanos inerentemente corrompidos.
Os Assassinos estão certos em tentar proteger os inocentes da violência, mas não enxergam as verdades absolutas e nem a corrupção dos homens que nenhuma quantidade de livre arbítrio e educação resolverá.
Nos jogos, eles imaginam que a luta entre Templários e Assassinos nunca terminará, eles nunca se livrarão um do outro ou cumprirão seus ideais de paz. E acredito que é isso mesmo porque naquele mundo de fantasia não existe um Deus bíblico transcendente, criador das verdades absolutas e única salvação para o ciclo interminável de violência do mundo – trazido a nós pelo sacrifício de Jesus Cristo. No fim, a humanidade não pode se salvar sem Deus, não importa a ideologia que tente seguir, essa é a lição que tiramos dessa franquia de jogos.