Guardiões da Galáxia
O valor da amizade
O filme gira em torno de Peter Quill (Chris Pratt), ou Starlord como ele prefere ser chamado. Abduzido por alienígenas quando criança, ele se torna um fora-da-lei intergaláctico e mulherengo. Quando ele encontra um orbe misterioso com a capacidade de destruir qualquer matéria orgânica com um toque, Peter se une a Gamora (Zoe Saldana), Drax, o Destruidor (Dave Bautista), o guaxinim geneticamente modificado Rocket (Bradley Cooper) e um… “ent” chamado Groot (Vin Diesel). Juntos, eles tentam manter o orbe fora das mãos do genocida Ronan e do bandido Yondu.
O MCU vai ao espaço pela primeira vez. Fui ao cinema assistir esse filme sem nenhuma expectativa e saí surpresa e entretida. Guardiões não se leva tão a sério quanto os outros filmes da Marvel, nem deveria. Cada momento de diálogo profundo e inspirador é interrompido por alguma graça, mas as piadas funcionam nessa história.
Mas mais uma vez o elo mais fraco do filme é o vilão. Ronin é tão unidimensional, tão simplório. Ele quer apagar Xandar da face da galáxia. Ok. Por quê? O que o leva tão fervorosamente a esse objetivo? Não sabemos. Ele era tão limitado que nem Thanos conseguia levá-lo a sério e o chamava de “menino”.
O coração do filme é a crescente amizade entre os Guardiões. Nós os vemos passar de um bando de solitários antissociais a amigos que estão dispostos a dar suas vidas um pelos outros e pela galáxia.
Quando o filme começa, eles são um bando de desajustados e feridos pelas circunstâncias. Todos provavelmente fizeram coisas das quais se arrependem. Mas, através de suas interações, eles nos mostram lados de si mesmos que talvez nem eles soubessem que tinham. A história então, não gira apenas em torno de salvar a galáxia, mas de redenção pessoal.
Gamora é uma assassina, mas não era esse caminho que ela queria para si. Mesmo tendo sido “adotada” por Thanos, ela não perdeu o entendimento de certo e errado. E quando ela é enviada atrás do orbe, vê uma oportunidade de fazer o bem e salvar literalmente bilhões de vidas. Ela faz o possível para manter o orbe longe de Ronan, e corre o risco de morte várias vezes nesse esforço.
Peter a salva em uma dessas ocasiões, mesmo sabendo que poderia perder a própria vida no processo. “Encontrei algo dentro de mim [que é] incrivelmente heroico!” ele diz a ela mais tarde. “Sem querer me gabar.” Gamora despertou nele traços do homem valoroso que sua mãe o criou para ser.
Drax tinha apenas um propósito de vida: matar Ronan para vingar a morte de sua família. Mas no contexto dos Guardiões, ele descobre que ainda há propósitos e pessoas pelas quais vale a pena lutar e isso o ajuda a mudar pelo menos parte de seu foco da vingança para um propósito mais positivo.
Rocket, é o mais egocêntrico da equipe, porém mesmo ele é tocado e transformado pelo elo de amizade que brotava entre os Guardiões. Em consequência disso ele se coloca em risco mais de uma vez pelos outros, e lamenta profundamente a morte de um amigo.
Mas, talvez o personagem mais honroso do início ao fim seja a simples criatura Groot. Um companheiro forte e leal, mostrando atitudes quase paternais, protegendo os outros com seus ramos e servindo seus amigos com sacrifício. Ele parece não ter nada do egoísmo que seus companheiros têm e mesmo sabendo apenas três palavras (“Eu sou Groot”), ele entende completamente o perigo diante deles – e o que é o certo a se fazer.
Assim, crescendo a partir dessa amizade recém-descoberta, surgem vários eventos de auto sacrifício entre pessoas que estão começando a perceber que há mais na vida do que viver para si mesmas. É o clássico tema “protagonistas anti-heróis vendo a luz e tornando-se mais heroicos”, que funciona muito bem aqui.
O filme tem momentos surpreendentemente emocionantes, e isso adiciona um bom contraste às inúmeras piadas. Curiosamente, é o tipo de filme que faz você se perguntar: “Estou vivendo minha vida para mim mesmo? Eu sou muito egoísta? Deveria estar fazendo mais pelos outros?
Em que eu posso ser útil ao meu próximo?”