Bioshock Infinite
O verdadeiro batismo.
Booker DeWitt era um soldado do Exército e participou do Massacre de Wounded Knee em 1890. Nessa batalha, ele escalpelou vítimas nativas americanas e queimou tendas com homens, mulheres e crianças dentro. Embora fosse visto como um herói, Booker sentiu vergonha e arrependimento por sua participação no massacre. Após a batalha, Booker, cheio de culpa, compareceu a um batismo em um rio em busca de absolvição. Mas, no último segundo Booker rejeitou seu batismo, entendendo que seus pecados não poderiam ser lavados por um “mergulho no rio”.
Depois disso, ele se tornou um detetive e se casou com Annabelle, mas ela morreu ao dar à luz sua filha, Anna. Isso o deixou em depressão. Ele se voltou para o álcool e o jogo, o que o deixou endividado.
Mais tarde, Robert Lutece foi ao seu escritório, representando o padre Comstock e se ofereceu para saldar todas as dívidas de Booker em troca de Anna. Desesperado, Booker a vendeu para Comstock. Cheio de culpa, ele imediatamente perseguiu os homens para resgatar sua filha, mas falhou.
Booker caiu ainda mais em depressão e marcou sua mão direita com as iniciais de Anna, “A.D.” Quase vinte anos depois, em 1912, Robert Lutece volta, oferecendo outro acordo. Agora a tarefa é entrar na cidade de Columbia, resgatar uma garota chamada Elizabeth e trazê-la ilesa para a cidade de Nova York. Se fosse bem sucedido suas dívidas seriam quitadas. Ele então sobe para Columbia, uma cidade aérea.
A presença de Booker em Columbia passa despercebida até que ele é identificado pelas letras “AD” em sua mão. Este é o sinal do ‘Falso Pastor’ que o líder da cidade e profeta, Comstock, profetizou que traria a queda de Columbia. Booker, agora um homem procurado, luta para chegar aonde Elizabeth está presa. Lá, ele descobre um dispositivo chamado Sifão que limita a capacidade de Elizabeth de abrir Fendas, rasgos no continuum espaço-tempo que levam a outros mundos paralelos. Depois de libertar Elizabeth, eles iniciam sua jornada para escapar da cidade.
Muitas provações depois, Booker e Elizabeth destroem o Sifão que limita o poder de Elizabeth para descobrir quem Elizabeth realmente é. Agora ciente de tudo, Elizabeth abre uma fenda para um lugar contendo inúmeros faróis e versões alternativas dos dois personagens.
Elizabeth explica que eles estão dentro de um número infinito de realidades possíveis, tanto semelhantes quanto drasticamente diferentes devido às escolhas que foram feitas. Ela mostra a Booker a verdade de que ele não se lembra mais, de ter vendido sua filha Anna, mesmo tendo se arrependido. Comstock posteriormente mudou o nome de Anna para Elizabeth e a criou como sua filha.
Os Luteces alistaram Bookers de diferentes universos para encerrar este ciclo, sem sucesso. A única maneira de fechar o ciclo é impedir que Comstock seja criado. Elizabeth então transporta Booker para seu batismo após suas ações na Batalha de Wounded Knee. Em um universo, Booker recusou seu batismo, enquanto em outro ele o aceitou, fundou uma religião e se tornou Comstock. Sim, Comstock é uma versão de Booker DeWitt. Estéril pela exposição à tecnologia de Fendas, Comstock estava ciente de sua identidade como Booker e planejou o sequestro de Anna para obter um herdeiro “legítmo” para Columbia.
Ciente de tudo isso, Booker então se permite afogar, impedindo que sua escolha batismal seja feita e, assim, impedindo que Comstock e Columbia vem a ser criados. A cena pós-crédito, no entanto, trás uma centelha de esperança para o personagem. Booker acorda em seu apartamento em 1893. Ao ouvir um bebê no quarto ao lado, ele chama por Anna e abre a porta de seu quarto.
OBS.: Enquanto jogava, eu shippei Booker e Elizabeth. Imagina o choque quando descobri que eles eram pai e filha hahaha. Embora eu goste da complexidade da história e como ela se desenrola ao longo do jogo, a dorameira em mim teria adorado uma história mais simples onde Booker apenas leva Elizabeth para Paris . XP
Não vou fingir que entendi todo o multiverso/viagem no tempo no final. Então, vou focar no nosso protagonista. Uma versão dele não aceita o batismo e continua seu caminho de culpa, depressão e más escolhas. A outra versão aceita o batismo, parece que está melhor por um tempo, mas se torna um homem ainda pior do que o seu eu deprimido.
Todas as suas ações ditatoriais de Comstock nos mostram que ele nunca realmente nasceu de novo em seu batismo. Ele apenas optou por negar sua culpa e tentou justificar seus atos no massacre, convencendo-se de que outras raças eram inferiores, distorcendo-as em suas próprias memórias.
O ato de ser batizado em si não significa nada se você não estiver verdadeiramente arrependido, se não tiver realmente entregado sua vida a Cristo. Sem arrependimento e rendição, seus pecados não serão lavados, não importa quantos rituais cristãos você faça ou quantos versículos da Bíblia você saiba de cor.
Como nosso protagonista Booker, ou melhor, Comstock, você estaria apenas se enganando. Seus pecados continuarão apodrecendo, dando origem a outros pecados e prejudicando você e todos ao seu redor.
Bioshock não é um jogo cristão, obviamente, mas acho interessante que no final, para resolver os enormes problemas que seus pecados criaram e salvar sua filha, Booker teve que “morrer para si mesmo” nas “águas de seu batismo”. Assim como devemos morrer para nós mesmos e depois vivermos para Cristo quando o aceitamos como nosso salvador.
Ótimo texto.
🙂