A mídia moderna tem um problema de moralidade
Muitos dos filmes e séries mais populares retratam personagens fazendo coisas horríveis, mas, em vez de tratá-los como maus exemplos, parece que agora devemos vê-los como modelos.
O problema é que as histórias que contamos uns aos outros importam. Histórias são nosso principal meio de dar sentido ao mundo que nos rodeia e têm um efeito profundo sobre o que acreditamos em termos do que valores e premissas que aceitamos.
O que acontece quando as histórias que nos cercam todos os dias distorcem nossa perspectiva sobre a moralidade? Acabamos com uma sociedade que se parece muito com o que vimos nos últimos anos.
Alguns dizem que o objetivo desse tipo de narrativa é mostrar que ninguém é moralmente bom o tempo todo e que todos nós faríamos coisas ruins se vivêssemos sob condições adversas. Esta é uma visão profundamente niilista das coisas: “O mundo é muito complicado para se manter padrões consistentes de moralidade”. “O bem e o mal realmente não existem/são relativos.” Além disso… “Quem é você para julgar o que alguém faz?” “Nada importa.”
Bem e mal não só existem como não são relativos. A Bíblia deixa isso bem claro. As pessoas também parecem acreditar que o mundo é um lugar horrível e a humanidade é irredimível. Como cristãos sabemos que, sim, o pecado tornou o mundo um lugar corrupto. E, não, não somos irredimíveis, Deus garantiu isso na cruz. O mundo jaz no maligno, mas estamos aqui para ser luz, lutar com amor pelo que é certo e trazer esperança da Salvação.
Sinceramente, me preocupa essa negatividade reflita no entretenimento. Temos tantas histórias “tons de cinza” hoje em dia que está até virando um clichê: Game of Thrones, Breaking Bad, Orange is the New Black, 24, Oz, House of Cards, Utopia, Sharp Objects, Dead to Me, The Magicians, Vikings, Ozark, Westworld, Peaky Blinders, Narcos, Dark, e por aí vai…
Todos apresentam uma predominância de personagens que variam de amorais a abertamente maus. Qualquer um que seja bom ou heroico é necessariamente ingênuo e, como resultado, eles são mortos ou tantas coisas horríveis acontecem com eles que eles perdem de vista sua própria moralidade com o tempo.
A questão é por que tantos roteiristas insistem nessa narrativa? Muitas pessoas parecem pensar que heróis moralmente bons são personagens chatos. Mas isso me parece refletir uma compreensão invertida da realidade. O que eu acho que está realmente acontecendo é que os roteiristas não são muito bons em criar personagens moralmente honrados. E nos últimos anos comecei a questionar se os roteiristas entendem de fato o que é bem, mal e a moralidade.
Ultimamente parece que acabamos com protagonistas horríveis sendo apresentados como heróis. E personagens que costumavam ser bons foram repaginados como seres humanos piores. Hollywood não é exatamente uma indústria conhecida por sua bússola moral. Talvez eles estejam apenas escrevendo o que são ou acreditam.
Mas há muitos personagens moralmente heroicos interessantes. Eu deixo pra vocês citarem exemplos nos comentários.
São personagens que sabem a diferença entre o certo e o errado e que sempre agem pelo bem, mesmo que nem sempre seja o caminho mais fácil. E, no entanto, nenhum deles é perfeito ou passa pela vida sem problemas. É possível criar personagens envolventes complexos e bem escritos que são moralmente bons e ainda assim têm que lidar com dilemas. Ser bom geralmente é muito mais difícil e envolve muito mais sacrifícios pessoais do que ser mau. Então, é uma pena que não tenhamos mais personagens heroicos na mídia.
Especialmente porque a mídia que consumimos afeta nosso pensamento sobre o mundo. Há muitas evidências sobre isso. Quando nos cercamos de modelos e conteúdos deprimentes que promovem ideias ruins, começamos a adaptar nosso próprio comportamento e valores a esses modelos.
Portanto, não é surpresa que as crianças que cresceram assistindo a tudo isso agora acreditem em ideias falsas sobre humanidade e moralidade ou simplesmente acabem caindo no nada do niilismo. Anti-heróis e histórias sobre vilões tem o seu lugar. Mas quanto mais você consome ficção sombria sobre “heróis” imorais e mundos deprimentes, mais você perde de vista o que há de bom no mundo.
Não estou dizendo que todo filme precisa focar no lado positivo da humanidade, mas precisamos equilibrar a balança do entretenimento. Quando tudo o que vemos na mídia são pessoas que mentem, enganam, roubam e machucam, começamos a pensar que essa é a única maneira de ter sucesso na vida.
Se deixarmos de criar bons modelos a seguir, que tipo de sociedade esperamos obter? É por isso que é importante usar as histórias que contamos uns aos outros para representar valores melhores.
Portanto, da próxima vez que você se sentar para escolher algo para assistir, considere contrabalançar os enredos “tons de cinza” com histórias que elevam e te inspiram a ser uma pessoa melhor.
Referência: Foundation for Economic Education – https://youtu.be/l6EI2fWOFN8