Wolfwalkers
Superando preconceitos.
Vivendo com seus irmãos lobos na floresta encantada e impenetrável de Kilkenny em 1650, a jovem “caminhante de lobos” Mebh teme que o acordo frágil entre humanos e sua matilha esteja prestes a ser quebrado. Preocupada com o desaparecimento de sua mãe e a rápida diminuição de seu habitat natural, Mebh se torna amiga da rebelde Robyn, sem saber que seu pai, Bill Goodfellowe, é um caçador de lobos.
Agora, nomeado pelo intolerante Lorde Protetor da cidade murada, Bill tem apenas dois dias para eliminar a ameaça dos lobos e livrar as florestas vizinhas, a última “fortaleza do mal”, das feras selvagens. No entanto, Robyn, pela primeira vez em muito tempo, sente-se livre e viva ao lado de Mebh e seus lobos. Será possível para ela ter o melhor dos dois mundos?
Bem, estou um pouco cansada das animações 3D da Disney e da Pixar, para ser honesta. Por isso, fiquei encantada ao descobrir este filme: uma bela animação 2D desenhada à mão. A falta de perspectiva em algumas cenas é intencional, fazendo referência à arte da época, no século 17. Esse estilo de animação caiu em desuso nos últimos anos, com muitos estúdios optando pelo uso de CGI. Felizmente, o Cartoon Saloon rompe com essa tendência e continua a contar suas histórias usando o método clássico.
Lobos na cultura pop: assim como os tubarões após o filme de 1975, os lobos são frequentemente retratados como antagonistas ou vilões. Um exemplo recente é o Lobo do Gato de Botas 2. Eles simbolizam o que é selvagem e indomável, e a lenda do lobisomem surge da ideia de que alguns humanos não conseguem controlar seus instintos. No entanto, em outras partes do mundo, os lobos são vistos como guias espirituais. Na realidade, são apenas animais que agem de acordo com seus instintos. Então foi interessante assistir a um filme em que eles não são retratados como vilões.
O lado negativo: 1) O vilão mais uma vez é retratado como um cristão intolerante do mal – vou abordar esse ponto em detalhes em outro post; 2) As emoções e motivações do pai, Bill, não foram bem desenvolvidas e exploradas, o que acaba tornando-o um antagonista da filha durante a maior parte do filme e acredito que isso foi injusto com esse personagem; 3) E mais uma vez temos uma criança desobediente que está sempre certa em sua rebeldia. Fico em dúvida se essa é uma boa mensagem para as crianças. Será que não havia outra forma de contar essa parte da história?
É positivo, mas negativo?: A mensagem ambiental. Concordo que como mordomos deste mundo, estamos falhando miseravelmente. Temos a capacidade intelectual de encontrar maneiras de melhorar nossas vidas (tecnologia, medicina, etc.) sem destruir a criação no processo. No entanto, precisamos evitar uma visão simplista do assunto. Ao assistir filmes que abordam essa temática, como este e Avatar, tendemos a nos posicionar no lado correto do debate: “Olhem para esses humanos horríveis destruindo a natureza”, como se nós mesmos não fossemos humanos e parte do problema. A menos que vivamos de maneira extremamente consciente e em harmonia com a natureza, também somos responsáveis. Para viver onde estamos agora, para construir nossas casas, a natureza teve de dar lugar à “modernidade”, como retratado no filme.
O mesmo acontece com os produtos que consumimos. Certamente, podemos e devemos pressionar as empresas a serem mais conscientes e sustentáveis em suas práticas. No entanto, há um custo associado a esse tipo de produção e estilo de vida ecologicamente responsável. Estamos dispostos a pagar por isso ou nos contentamos em ficar indignados ao assistir filmes e depois esquecer o assunto? A hipocrisia também é um pecado.
Conteúdo Positivo: O destaque inicial vai para a rápida e genuína amizade entre as duas garotas – Robyn e Mebh. Como já mencionei em outros posts, é gratificante ver amizades entre pessoas do mesmo sexo serem apenas isso – amizade e nada mais. Eu sei que você entende o que quero dizer, especialmente entre crianças. É revigorante ver como elas podem se tornar BFFs – melhores amigas para sempre, com facilidade e inocência, independentemente de suas origens completamente diferentes.
Falando sobre a inocência de uma criança, é interessante ver a rapidez com que Robyn supera seus preconceitos sobre os lobos quando recebe novas informações. Muitas pessoas, especialmente as mais velhas, não conseguem mudar de ideia mesmo quando a verdade passa por cima delas.
Por fim, o filme enfatiza que o caminho para a reconciliação passa pela comunicação (como diz o ditado: quem não se comunica, se trumbica). Também nos lembra da importância de não julgar ou perseguir aqueles que parecem diferentes de nós sem antes tentar entender sua perspectiva, mostrando empatia e amor. A partir desse ponto de entendimento, podemos buscar soluções viáveis para questões complexas, sem precisar recorrer à raiva ou à violência. O caminho em direção à paz sempre passa pelo amor ao próximo.