Nefarious
O diabo não dorme.
A execução de Edward Brady, um serial killer, está marcada para 23h. O destino de Edward agora depende do diagnóstico de do Dr. James Martin. Se Martin decidir que Edward está são, ele será executado, mas se declarar insanidade, Edward será poupado. Na conversa com o psiquiatra, “Edward” afirma que está possuído por um demônio chamado “Nefariamus”.
Martin inicialmente rejeita as afirmações de Edward, mas à medida que o conhecimento de dele sobre a vida de Martin se mostra perturbadoramente preciso, o ceticismo de Martin começa a vacilar. Com o destino de Edward em jogo, Martin deve tomar uma decisão com base em seu diagnóstico profissional, enquanto luta com seus sentimentos pessoais de medo e repulsa, e com o conflito de interesses que eles criam.
Curiosidade: a história desse filme serve como “prequel” do romance de Steve Deace – A Nefarious Plot.
A maior parte da uma hora e meia do filme gira em torno de dois homens sentados à mesa, conversando. Parece tediante, mas fiquei completamente absorta na narrativa. De certa forma, me lembrou de “O Advogado do Diabo” porque apresenta o diabo em sua verdadeira forma.
Durante a maior parte do filme, Nefarious domina a conversa, mencionando tópicos como a realidade de Deus, demônios, o diabo, céu, inferno, julgamento, condenação, livre arbítrio e as maneiras pelas quais os demônios manipulam a humanidade para alcançar seu objetivo principal: manchar e destruir aqueles criados à imagem de Deus. Nefarious revela a estratégia de longo prazo que os demônios empregam para influenciar e possuir alguém: “O controle de um corpo hospedeiro vem em graus, cada um com seu nome e características: tentação extrema, obsessão, infestação, finalmente posse, subjugação total.”
Este aspecto do filme ressoou fortemente com “Cartas de um diabo a seu aprendiz” de C.S. Lewis. E cada vez que James pensa que ganhou na argumentação de Nefarious, o demônio simplesmente ri dele.
James orgulhosamente sugere que a humanidade evoluiu além do dogma religioso para uma compreensão mais esclarecida e progressiva da realidade. Ele chama este estado de “Liberdade”: “Nunca fomos tão livres. A alfabetização está em alta. Estamos trabalhando para eliminar o racismo, a intolerância, a desigualdade de gênero. As pessoas podem amar quem quiserem, ser quem quiserem, e fazer o que quiserem. A diversidade não é mais um sonho. O discurso de ódio não é mais tolerado. E politicamente, estamos reivindicando uma posição moral elevada.”
Nefarious responde com uma risada cínica: “James, acho que te amo”. Ele rebate a visão otimista de James apontando uma realidade mais sombria: “Quarenta e oito milhões de escravos – metade deles escravos sexuais. Discurso de ódio? A ironia é que nem inventamos isso. Vocês fizeram tudo sozinhos. Às vezes vocês surpreendem até a nós. Agora há maldade por toda parte e ninguém se importa.”
James discorda dessa perspectiva e Nefarious, em tom sinistro, afirma seu sucesso: “Provando que alcançamos nosso objetivo. Lentamente. Com seus filmes, sua TV e sua mídia. Nós dessensibilizamos vocês. Redirecionamos sua visão de mundo. A tal ponto que vocês não conseguem reconhecer o mal quando está bem na sua frente. Mais especificamente, James, você nem consegue sentir quando está fazendo isso. Quanto a vencedores e perdedores, ei, ei, ei! Isso é decidido na hora da morte… Os números exatos são um segredo bem guardado, mas há mais de vocês acabando na casa do meu mestre do que com o Inimigo. Muito mais, Jimmy.”
Esse filme foge do molde típico do thriller ou filme de terror. Também não se enquadra na categoria de filmes cristãos, conhecidos por parecerem mais sermões do que histórias envolventes. Embora Nefarious tenha muito diálogo, ele consegue evitar o típico tom de sermão. Em vez disso, serve como uma descrição perturbadora de como Satanás e seus demônios operam – enganando, dividindo e, em última instância, destruindo.
Em essência, Nefarious serve como advertência. Enfatiza que o diabo e seus asseclas possuem habilidades formidáveis para enganar e destruir. E são particularmente habilidosos em levar o homem a um profundo autoengano. O diabo não brinca em serviço e não dorme.