Suzume
Fechando as portas do passado.
Suzume no Tojimari é uma animação japonesa dirigido e roteirizado por Makoto Shinkai, o mesmo criador de Your Name e O Tempo com Você.
Suzume Iwato é uma jovem de 17 anos que vive na ilha de Kyushu, no sudoeste do Japão. Ela perdeu a mãe há mais de uma década em um tsunami e foi criada por sua tia. No caminho para a escola, ela encontra um jovem (Souta) que lhe diz que está procurando uma porta. De alguma forma, ela sabe o que ele quer dizer, sugerindo que ele dê uma olhada em um resort abandonado. Fascinada pelo encontro, ela não vai à escola e tenta rastrear o homem, encontrando a porta. Ao abri-la, ela vê uma paisagem diferente, iluminada por estrelas, mas não consegue atravessá-la. Quando ela tenta, ela acaba do outro lado da porta em seu mundo.
Mas ela põe algo em movimento quando inadvertidamente quebra um selo e liberta um gato guardião e a força sobrenatural que ele contia, chamada “o Verme”. Depois que Suzume e Souta selam a primeira porta, esse gato travesso transforma Souta em uma cadeira falante, e mais portas começam a se abrir uma após a outra por todo o Japão, que devem ser fechadas antes que o Verme possa desencadear um grande terremoto.
Aproximadamente 1.500 terremotos ocorrem anualmente no Japão, e “Suzume” faz alusão direta a um terremoto significativo em Tohoku em 2011, comumente conhecido por sua data, 3.11. Este é o terremoto mais potente já documentado no Japão e o quarto globalmente desde o início da sismografia moderna em 1900. O terremoto desencadeou ondas de tsunami formidáveis, atingindo alturas potenciais de 40,5 metros em Miyako e viajando a velocidades de 700 km/h, penetrando 10 km para o interior na área de Sendai. O tsunami também desencadeou o desastre nuclear de Fukushima Daiichi, levando ao colapso de três reatores.
O que há nas obras de Shinkai que nos atrai tanto? Primeiro é o visual cativante, são animações muito bonitas e bem-feitas. Shinkai também integra perfeitamente a fantasia à beleza do mundo real, muitas vezes usando a natureza como pano de fundo deslumbrante. Além da animação encantadora, Shinkai cria histórias com as quais todos se identificam, mesmo sendo distintamente japonesas. Em “Suzume”, ele aborda habilmente a história e os traumas do Japão, conectando a apreensão nacional sobre um próximo 3.11 com elementos fantasiosos. Sua narrativa bem construída torna temas como trauma e luto relacionáveis a todos.
Para fechar a porta é preciso ouvir o passado e suas vozes: No filme, o Verme simboliza a força destrutiva da natureza, adormecida até ser liberada. As portas abrem-se em locais abandonados porque, segundo Souta, o peso das emoções das pessoas acalma a terra. O filme mostra a beleza natural do Japão, mas também as consequências dos desastres naturais, enfatizando a aceitação e a esperança diante da adversidade.
As portas que Suzume e Souta fecham conectam literalmente o passado ao presente e ao futuro, portanto o gesto de fechá-las é uma metáfora para aceitar o passado, por mais trágico que seja. E isso não é feito com esquecimento, mas com lembrança. Lembrando com amor e empatia aqueles que faleceram.
Quanto à nossa protagonista Suzume, quando criança, ela entrou por uma porta e encontrou alguém que acreditou ser sua mãe, embora a memória tenha desaparecido com o tempo. Porém, a conclusão revela que essa pessoa era a versão atual da própria Suzume. Souta, no início do filme, explica que no Ever After, todo o tempo existe simultaneamente, permitindo tais encontros.
Ao longo dessa jornada, Suzume aprende a lembrar daqueles que perdeu sem ser consumida por esse sentimento. Em vez disso, ela opta por viver o presente, valorizando as coisas boas que têm, e abraça o futuro com felicidade e gratidão.
Passaremos por muitas dores, medos e tragédias nesse mundo, mas tenhamos bom ânimo, Jesus venceu o mundo e possibilitou um futuro cheio de paz e alegria.
“A noite pode parecer interminável… mas a luz voltará.”