Somos submissos à cultura?
A cultura está nos moldando ou estamos moldando a cultura? Sempre que leio o Antigo Testamento, acho incrível quantas vezes Israel falhou em cumprir um simples mandamento: Quando entrarem na terra que o Senhor, o seu Deus, lhes dá, não procurem imitar as coisas repugnantes que as nações de lá praticam. (Deuteronômio 18.9) O problema perpétuo de Israel era adotar os valores e práticas das culturas vizinhas.
Os problemas de Israel parecem óbvios pra gente porque não enfrentamos as mesmas questões culturais. Acho que você não conhece ninguém tentado a adorar Baal ou a sacrificar seus filhos como oferendas, certo? Mas somos sim tentados a imitar os valores e práticas da cultura secular que nos cerca, e isso é igualmente perigoso.
Aqui estão três desses valores culturais atuais que temos dificuldade em perceber:
1- Seja você mesmo: Nossa cultura valoriza a autenticidade. “Faça sua própria jornada individual.” “Olhe para dentro de seus próprios sentimentos e intuição e deixe-os guiá-lo.” “Não deixe ninguém questionar o seu direito de ser você.”
Essa visão se tornou tão mainstream que nem a questionamos mais. Há tantos filmes sobre isso que nem percebemos. É o tema de quase todos os filmes da Disney e livros de autoajuda. E, no entanto, é uma visão radicalmente nova e que vai contra as Escrituras.
Afinal, as Escrituras muitas vezes contradizem nossos impulsos mais profundos. Ela nos chama a não olhar para dentro, mas para fora de nós mesmos e para o alto, para que possamos saber o que é verdadeiro e certo. Isso nos dá boas razões para questionar nossa própria intuição e vontade. O Evangelho nos chama a morrer para nós mesmos e focar em Jesus.
2- Questione a autoridade: Se o filme não é sobre se conectar a si mesmo, certamente envolve questionar a autoridade. Qualquer uma: pais, professores, líderes etc. E tenho certeza de que você já viu alguém fazendo isso em sua vida diária também.
Ninguém pode lhe dizer o que fazer. Essa é uma consequência do primeiro valor cultural: seja você mesmo. Teríamos o direito, a responsabilidade, de enfrentar aqueles que se metem na nossa vida pessoal com suas regras ou opiniões. Aqueles que afirmam ter autoridade estão tentando nos oprimir e devemos resistir.
Mas estamos sim sob autoridade, de acordo com as Escrituras. Nós respondemos a Deus. Devemos nos submeter aos comandos que Ele deu e às estruturas de autoridade que ele colocou sobre nossas vidas, incluindo pais, chefes, governo e líderes da igreja (enquanto não nos pedirem pra desobedecer a Deus). A Escritura vê a submissão como o trabalho de todo cristão, algo a ser bem-vindo e não resistido.
3- Evite Sofrimento: A cultura ensina que nosso objetivo é maximizar a felicidade e evitar qualquer dor emocional. Se algo não te faz feliz, pare de fazê-lo. Isso vale para relacionamentos (até casamentos), trabalho, escolhas de estilo de vida e muito mais. Se algo estiver remotamente provocando você, questionando algo e deixando você desconfortável, cancele.
Mas o sofrimento é inevitável. Os cristãos são chamados a sofrer diariamente por causa do evangelho, tanto em nossa obediência quanto quando enfrentamos a hostilidade dos outros. Claro, devemos ajudar uns aos outros quando sofremos, mas também devemos esperar que o sofrimento venha, é parte dessa vida e pode ser usado para o nosso próprio crescimento.
Essas ideias têm consequências. Elas nos roubam alegria e nos levam a práticas que nos distanciam de Deus. Devemos prestar atenção a isso e lembrar a melhor maneira de viver: encontrar nossas vidas perdendo-as, submeter-nos com alegria a Deus e demais autoridades, e sofrer por causa daquele que morreu por nós.
Esse é o caminho, contraintuitivo, para uma vida plena.