A Casa do Dragão
A corrupção que habita em nós
Quase duzentos anos antes de Game of Thrones, o rei Viserys da Casa de Targaryen é o rei de Westeros e das terras vizinhas com mais de 10 dragões sob seu controle. No entanto, quando ele nomeia sua filha Rhaenyra como sua herdeira, ele desencadeia uma série de eventos que muitos anos no futuro levarão a uma amarga disputa sobre quem deveria se sentar no Trono de Ferro.
Essa é certamente uma série bem-feita. Figurino, locações, efeitos visuais, enredo, personagens, tudo muito crível – contrastando fortemente com aquela outra série de fantasia que estava no ar na mesma época.
O salto no tempo que mudou alguns atores não funcionou muito bem para mim. A Rhaenyra mais velha simplesmente não parecia ou se comportava como a jovem Rhaenyra. Eu esperava mais aqui, talvez porque fui mimada por Dark com suas transições de tempo com diferentes atores impecáveis.
Já os dragões são ótimos – resolvi assistir a série por causa deles, admito haha
E o melhor personagem foi Viserys, imperfeito como todos na série, mas se esforçando para ser o melhor possível. Bom que ele não vai ver sua família desmoronar e levar o reino junto.
Por fim, eu dispenso todas as menções da profecia da canção de gelo e fogo apontando para a história que vemos em GoT. Toda vez que eles faziam isso, eu me lembrava de como aquela série terminou mal e como o futuro de Westeros também será deprimente. Lembrando-me que tudo o que estamos acompanhando, no final, é inútil.
Muitos reclamam da violência desse show e com certeza é violento e cruel. Esse é o objetivo da narrativa de GRR Martin – retratar algo próximo ao nosso passado. O que é violência senão o resultado de um vício muito mais comum – ganância, ambição, luxúria, raiva, ressentimento e assim por diante?
Não somos melhores que as pessoas retratadas na série, apenas vivemos em condições diferentes. Existem lugares no mundo agora que são tão sombrios quanto. E nossa história está repleta da mesma trama política e violência. A própria Bíblia retrata muita corrupção e violência. Na verdade, essa série retrata a corrupção humana de maneira bem precisa, infelizmente. É como se estivéssemos olhando em um espelho. Observando do que nós, como humanos, somos capazes, e já fizemos. É simplesmente terrível de se olhar.
Até a Bíblia mostra isso – alguns exemplos são o fratricídio de Abel (Gênesis 4), faraó e Herodes matando bebês (Êxodo 1 e Mateus 2), a concubina desmembrada (Juízes 19), mães comendo seus bebês (1 Reis 3), crianças sacrificadas (2 Reis 16), a decapitação de João Batista (Mateus 14), por último, mas não menos importante, a tortura e crucificação do próprio Cristo (evangelhos).
Porém, contudo, todavia, entretanto, a visão de mundo de Martin é extremamente deprimente, fatalista e sem esperança. Ele vê todas as nossas falhas como seres humanos corrompidos, mas não a nossa salvação. Não há esperança aqui no mundo de Game of Thrones, o ciclo vicioso da corrupção humana nunca termina.
Se você olhar para o final de GoT, verá que esta é precisamente a conclusão: grandes ameaças foram derrotadas, Westeros quase pereceu, o trono de ferro foi destruído…, mas os homens voltaram aos mesmos comportamentos e conspirações políticas. Nem mesmo a ameaça de aniquilação mudou o coração dos homens. Neste mundo, os homens vão continuar sendo horríveis uns com os outros até o último minuto da humanidade.
Acredito que é por isso que, daqui a 50 anos, ainda nos lembraremos com carinho do mundo do Senhor dos Anéis, mas não de Game of Thrones. Porque Senhor dos Anéis nos mostrou uma representação melhor de nossa própria história – criação, queda e redenção. Enquanto Game of Thrones para na queda e fica lá. Senhor dos Anéis, imitando a Bíblia, mostra todos os horrores trazidos pelo pecado, mas também mostra esperança. Existe uma saída para o ciclo do mal.
Há salvação e um final feliz na Terra Média, assim como há salvação e um final feliz para aqueles que acreditam em nosso salvador Jesus Cristo.