Boba Fett
Herói ou Anti-Herói?
Por muito tempo os fãs ficaram sem saber se Boba Fett realmente havia morrido ou se havia se salvado na trilogia original. Durante a segunda temporada de The Mandalorian, finalmente veio a resposta oficial. Ele estava de volta e parecia melhor do que nunca. Ficamos curiosos quando ele matou Bib Fortuna e assumiu o trono para si mesmo em Tatooine nos créditos finais da segunda temporada de The Mandalorian.
Sua história é contada em flashbacks por quatro episódios. Boba Fett escapou do Sarlacc Pitt, mas saiu muito ferido e teve sua armadura roubada pelos Jawas. Vagou pelo deserto e foi capturado por uma tribo de Tusken Raiders. Passado um tempo, Boba ganha a confiança da tribo depois de salvar o filho do líder. Assim ele parte em uma jornada de autodescoberta e se torna um membro dedicado da tribo.
O tempo passa e a tribo acaba assassinada por uma gangue. Sem a tribo, ele então deseja recuperar seu equipamento perdido, mas antes disso salva a vida da caçadora de recompensas Fennec Shand. Ela decidiu retribuir o favor ajudando Boba a recuperar sua nave. No presente, ele luta para governar o antigo território de Jabba. Mas os Pikes querem tomar o território dele e contratam Cad Bane para a tarefa. Boba e Fennec contratam ajuda de diversos personagens e Din Djarin também aparece para ajudar.
Já Din foi exilado por sua facção Mandaloriana quando confessou ter removido seu capacete. Ele vai ao templo Jedi de Luke para se reunir com Grogu, mas prefere não interferir em seu treinamento. Apenas deixa um presente pro garoto. Luke sente o conflito em Grogu, então dá a ele a opção de ficar com ele ou ir com Din.
Pelo menos um terço da temporada foi sobre Din e Grogu e não sobre Boba Fett. Não faz sentido, mas eu não vou reclamar já que Boba Fett infelizmente não apresentou carisma ou uma história interessante o suficiente para todos os 7 episódios. Não fosse a presença do Mandaloriano e do Baby Yoda a série teria sido um fracasso ainda maior.
Outro aspecto da trama que eu não gostei foi como Luke e Ashoka adotam os velhos costumes da era Jedi (prequel). A culpa é da nova trilogia, claro. A ideia é dar continuidade entre esse Luke e o seu arco (horroroso) em Os Últimos Jedi. Não gosto da ideia porque justamente o ponto de seu personagem no final trilogia original é que ele não voltasse a repetir os erros dos Jedi do passado, mas a última trilogia ignora esse fato. A mesma coisa com Ashoka, não faz sentido ela adotar os velhos hábitos jedi uma vez que eles falharam com ela em The Clone Wars.
Sem falar da gangue power ranger das motocas slow-motion. Uma das maiores vergonhas alheias que eu já vi. E o curioso caso da menina que tem um braço mecânico, mas que prefere usar o braço orgânico pra tudo. Imagina o Soldado Invernal só usando o braço orgânico pra lutar. Pois é.
Mas o aspecto mais debatido deste show é o próprio Boba Fett. Os fãs esperavam que ele voltasse aos seus velhos hábitos como caçador e assassino. Em vez disso, ele decidiu governar Tatooine com… bondade. Por isso, alguns fãs sentiram que ele estava agindo fora do personagem na série. Outros entendem que não há essa descontinuidade se você olhar os demais produtos em que ele aparece (além dos filmes). Você o veria como um assassino implacável apenas se o conhecesse na trilogia original.
Mas sinceramente, ter que assistir e ler tudo o que já saiu no universo Star Wars é pedir demais e se eles queriam humanizar o personagem eles deveriam ter argumentado melhor na própria série. Imagino que eles tenham tentado fazer isso nas cenas de flashback na tribo dos Tusken Raiders, mas não ficou bom não. Não ficou convincente o suficiente.
A moral da série revolve em torno de duas perguntas: como Boba Fett mudou de um caçador de recompensas implacável para um homem bom, e como ele poderia consolidar o império de Jabba sem ressurgir como um tirano cruel? A série traz uma (tentativa de) história de morte e ressurreição. A experiência no Sarlac Pit e depois na tribo faz com que ele adote valores diferentes. De lobo solitário à membro de uma tribo ou família. De atirar primeiro e perguntar depois à misericórdia (como no caso do wookie Black Krrsantan).
E embora eu tenha minhas críticas sobre como a história foi conduzida e entenda que a jornada do herói talvez não seja o melhor enredo pra esse personagem, eu gosto da ideia de apresentar a alternativa de um líder valoroso a um anti-herói violento e vingativo.