Bridgerton
Quando sexo vira entretenimento: O que estamos consumindo?
Após a estreia da segunda temporada de Bridgerton, a revista Slate publicou um artigo da produtora da indústria pornográfica Noelle Perdue no qual ela avaliou “programas cheios de sexo na Netflix e na HBO”.
A mãe da produtora a perguntou do porquê do sucesso da série da Netflix Bridgerton: por que tantos amigos dela ficaram obcecados de repente com um programa? De fato, a série foi um sucesso de audiência alcançando o primeiro lugar na Netflix em 76 países.
Noelle responde: “Apesar do meu relacionamento pragmático com o tópico sexo, eu me esforcei para dizer à minha mãe que seus colegas de cinquenta e poucos anos provavelmente não estavam tão interessados na precisão histórica do figurino, mas sim no que acontece quando o brocado é arrancado. Que palavra, eu me perguntei, eu deveria usar para descrever Bridgerton para minha mãe? Assistindo ao programa como consumidora, não vi muita diferença entre sua coreografia bem iluminada e o que eu estava produzindo para o trabalho.”
A produtora pornográfica continua: “Na indústria adulta, trabalhos como Bridgerton, Normal People e muitos da programação da HBO seriam categorizados como “pornô softcore”. (…) Isso claramente não é a definição convencional de Hollywood ou da mídia. Um artigo da Vulture descreveu as cenas de sexo de Normal People (que ocasionalmente dominavam até um terço do episódio) como “nunca pornográficas, mas bastante explícitas”. Se sexo explícito não torna uma cena pornográfica, o que torna? Como os shows voltados para o sexo parecem ficar cada vez mais gráficos — e mais populares — a necessidade de manter essa distinção está parecendo um pouco desonesta e talvez um pouco desesperada.”
A gente vive em uma sociedade que está completamente mergulhada em material hipersexualizado, e isso tem mudado a forma como enxergamos sexo e intimidade.
Não por acaso esses são artigos na mesma revista:

O sucesso de séries como Bridgerton e Normal People é um reflexo disso, mas também contribui para alimentar essa cultura. Essas produções, que são vistas como entretenimento comum, atravessam limites que em outros contextos, como a própria produtora afirma, seriam chamados de pornográficos. O que antes gerava choque ou polêmica agora é tratado como algo normal, divertido ou até sofisticado. E a indústria do entretenimento se aproveita disso, criando conteúdo cada vez mais gráfico e provocativo, tentando justificar sua existência como “arte”.
O problema é que isso acaba nos deixando anestesiados. Jesus ensinou: “Vocês ouviram o que foi dito: ‘Não cometerás adultério’. Mas eu digo que qualquer um que olhar para uma mulher com intenção impura já cometeu adultério com ela no coração” (Mateus 5:27-28). Ele chega a usar uma linguagem bem forte, falando sobre arrancar o olho ou cortar a mão (é claro que de forma figurada) para mostrar como é importante não ficar em cima do muro quando se trata de pureza (vv. 29-30).
Nosso entretenimento tem nos bombardeado com cenas que nos fazem aceitar o pecado como algo normal. Por isso, a visão cristã precisa ser reafirmada sempre: o sexo é uma dádiva de Deus quando vivido entre duas pessoas que estão em uma relação de aliança, na intimidade do casamento (Provérbios 5:15-19; 1 Coríntios 7:5). Mas quando é exposto para o mundo inteiro, vira algo distorcido e, sim, pornográfico.

É importante lembrar que pornografia não é só sobre a intenção de quem faz, mas também sobre o impacto que causa em quem consome. Cenas de sexo em séries podem ser chamadas de “arte” ou “narrativa”, mas isso não muda o efeito de nos deixar insensíveis. Quando a gente se acostuma a consumir conteúdo que banaliza o sexo, a ideia de santidade no casamento vai ficando cada vez mais distante.
Assim como Jesus nos chamou para viver de forma pura, precisamos estar atentos ao que permitimos que entre na nossa mente e no nosso coração. Numa cultura tão saturada de hipersexualização, resistir é um ato de coragem e também um testemunho. Que a gente possa lembrar que nosso chamado é para viver um amor que honre a Deus, dentro dos limites da aliança e longe desse tipo de entretenimento que banaliza o que deveria ser santo.
Referência: slate.com/culture/2022/04/bridgerton-normal-people-netflix-hbo-sex-controversey-caitlin-stasey-chloe-cherry.html