Donzela
Não preciso de homem! Ou preciso?
O filme começa com o rei de Aurea liderando um ataque fracassado contra um dragão. Séculos depois, Elodie, filha de Lorde Bayford, aceita se casar com o Príncipe Henry de Aurea para ajudar seu povo. Após o casamento, Elodie é traída e jogada no covil do dragão como sacrifício. Ela consegue escapar, mas a rainha de Aurea sequestra a irmã de Elodie, Floria, como substituta. Elodie retorna, engana o dragão para que se queime e ganha sua confiança. Ela expõe a traição dos Aureanos, e o dragão queima o palácio. Elodie, Floria e Lady Bayford voltam para casa com o dragão e suprimentos.
Quando esse filme foi lançado, a sua divulgação girou em torno do empoderamento da princesa que era capaz de salvar a si mesma. A divulgação se orgulhava de subverter os papéis tradicionais de princesa e príncipe como uma grande novidade cinematográfica.
Mas vamos começar nossa conversa do começo.
O que é uma donzela em perigo?
Uma donzela em perigo é um tropo onde uma personagem feminina principal precisa ser resgatada pelo herói, que luta pelo direito de se apaixonar por ela. Este tema, presente em mitologia, folclore, poemas, literatura, filmes e videogames, persiste há séculos. Popularizado na era medieval, quando resgatar donzelas era parte do código de cavalaria, o tropo muitas vezes envolve cavaleiros, castelos e dragões. Embora tenha evoluído no cinema, a figura da donzela em perigo continua a dominar várias formas de ficção até hoje.
Críticas Feministas
A temática da donzela em perigo enfrenta críticas feministas. Para elas, reforça estereótipos de gênero, retratando mulheres como passivas e necessitadas de resgate, enquanto homens são fortes e heroicos. A falta de agência das personagens femininas, cujo destino depende dos heróis masculinos, diminui sua profundidade e complexidade. A objetificação da donzela, que é reduzida a um dispositivo de enredo ou objeto de desejo, em vez de ser uma personagem realizada, também é criticada. Por fim, perpetua valores patriarcais ao sugerir que o papel das mulheres é serem protegidas e salvas pelos homens, ao invés de serem empoderadas.
A crítica feminista traz certas verdades misturadas com uma deturpação dos padrões bíblicos, que acaba sendo incorporada na visão de muitos. As representações mais antigas de mulheres fracas física e emocionalmente, sem qualquer agência, não retratam o conceito de feminilidade que a Bíblia ensina. Muito se confunde fraqueza física com feminilidade. Embora sejam fisicamente mais fracas do que os homens, Deus espera fortaleza espiritual e moral de ambos os sexos. Homens e mulheres foram colocados no mundo para serem sal e luz, independentemente das dificuldades.
Quanto à questão da proteção, embora esteja sendo deixada de lado, não podemos negar a biologia que influencia todos os aspectos da interação humana. Mary Kassian, em seu livro True Woman 101, diz: “enquanto o corpo masculino produz grandes quantidades de testosterona, o que cria o impulso para avançar, correr riscos, proteger e conquistar, o corpo feminino produz uma grande quantidade de ocitocina, promovendo vínculo e afiliação e aumentando o instinto maternal.”
Representar homens como protetores e mulheres como cuidadoras segue a biologia, mesmo que você queira negar a realidade.
Por conta de toda essa crítica à temática “donzela em perigo”, os filmes passaram a subverter os papéis. E embora o filme Donzela afirme como super novidade que sua protagonista não precisa de homem e é perfeitamente capaz de se salvar sozinha, essa subversão é mais antiga do que grande parte daqueles que estão lendo esse texto. Alguns exemplos: Halloween (1974), Aliens (1986), Pocahontas (1995), Mulan (1998), Para Sempre Cinderela (1998), Os Incríveis (2004), Encantada (2007), e por aí vai.
O problema é que não houve uma correção da temática para torná-la mais próxima da realidade feminina. Ela foi subvertida. A protagonista, ao invés de tornar-se mais feminina, apropriou-se de características masculinas, incluindo seus vícios de caráter. Já os heróis foram eliminados, enfraquecidos, afeminados e até vilanizados, como é o caso do príncipe em Donzela. Ou seja, não houve uma busca pelo equilíbrio e verdade; o pêndulo apenas mudou de lado.
Mulheres sendo fracas, gritando por tudo e por nada, desmaiando a qualquer sinal de dificuldade e com dois neurônios funcionando não espelham o padrão bíblico de feminilidade. E nem as mulheres que dizem “Eu não preciso de homem!” e desafiam a biologia trucidando com mãos nuas homens 2x o seu tamanho. Ambas são deturpações da realidade.
Enquanto Hollywood está preocupada em subverter os papéis pela milionésima vez, os doramas fazem um caminho diferente, mostrando um maior equilíbrio e respeito às características intrínsecas de cada sexo. Homens protetores e mulheres acolhedoras. Mais fracas na força física, mas fortes em vários outros aspectos. Adivinha quem são os campeões de audiência?