Finch
O futuro a Deus pertence
Uma explosão solar abriu buracos na camada de ozônio da Terra, causando temperaturas muito altas e doses letais de radiação ultravioleta que acabaram com as plantações e com a maior parte da população mundial.
Finch (Tom Hanks) é um sobrevivente especialista em robótica. Ele coleta suprimentos durante o dia para evitar as pessoas durante a noite. Por causa das altas doses de radiação, ele está morrendo. Então, ele decidiu construir um robô projetado especificamente para cuidar de seu cachorro, Goodyear, depois que ele morrer.
Assim que ele termina o trabalho no robô, descobre que uma super tempestade está a caminho e vai destruir tudo em seu caminho. Finch decide que ele, seu cachorro e seus dois robôs devem seguir para São Francisco.
O novo robô de Finch, Jeff, é infantil, não tem experiência de vida e sua ingenuidade pode se tornar um risco nesse mundo desolado. Enquanto eles vão para São Francisco, Finch precisa explicar a Jeff sobre a vida. Frequentemente, quando ensinamos alguém, nós é que acabamos aprendendo. Some a isso o fato de que ele está morrendo, e Finch começa a refletir sobre muitas coisas que ignorou durante a maior parte da vida.
O robô se esforça para agradar Finch e o que começa como um trio incomum logo se torna uma família. Mas essa família consegue sobreviver às tempestades, ao calor e, pior, aos outros sobreviventes, por tempo suficiente para chegar ao seu destino?
Existem alguns momentos encantadores, por conta da inocência do robô. Os efeitos visuais também são surpreendentemente excelentes. Pelo que li, o robô ganha vida por meio de uma combinação de um traje prático de captura de movimentos usado pelo ator que dá voz ao robô e efeitos gerados por computador.
Do momento em que Jeff “nasce” até o ponto em que ele começa a cuidar de seu criador, o robô muda significativamente em sua fala e movimento. Isso deu ao robô uma qualidade humana, tornando o personagem mais complexo e identificável. O resultado é muito convincente.
Esse filme me lembra muito Náufrago e Eu sou a lenda. E o robô é tipo o neto do Johnny Five de Um robô em curto-circuito (Lembra?). E em alguns aspectos, esta também é uma história atualizada de Pinóquio. Como em Náufrago, Tom Hanks está praticamente sozinho em tela. Ele interage apenas com um cachorro e dois robôs. A história é bastante simples, mas eficaz. É uma jornada de descoberta da vida para o robô Jeff, e uma jornada de introspecção de final de vida para Finch. Um começo e um fim.
Durante a viagem, o robô pede a Finch que lhe explique o conceito de confiança. Finch percebe como é difícil explicar conceitos e valores abstratos, então ele decide contar uma história ao robô na esperança de que ela o ajude a entender o conceito.
Isso é algo que Jesus fez por meio de suas parábolas. Ele ensinava lições importantes por meio de histórias, de uma maneira que pessoas de todas as classes sociais e formações poderiam entender. A Bíblia como um todo também faz isso. Aprendemos muito com as histórias dos personagens bíblicos. E esse é também o principal motivo da existência desse blog, o meu objetivo (quiçá audácia) é tentar esclarecer valores e conceitos cristãos por meio de histórias modernas (filmes, séries, livros).
Em outra história de seu passado, podemos aprender um pouco mais sobre Finch. Ele admite que se escondeu nas sombras, temendo por sua vida e não se moveu para tentar evitar um assassinato. Ele confessa que, embora “a fome tenha tornado alguns homens assassinos, me tornou um covarde”. Em filmes pós-apocalípticos, frequentemente vemos homens se tornarem maus, às vezes muito muito maus. Mas nunca parei para pensar nos pecados de omissão em tal cenário. Muitas vezes, é a covardia da maioria que permite que um homem mau prospere.
“Ninguém pacifique a sua consciência com a ilusão de que não pode causar dano se não tomar parte e não formar opinião. Os homens maus não precisam de nada mais para atingir seus objetivos do que os homens bons olharem e nada fazerem.” (John Stuart Mill)
“Pensem nisto, pois: Quem sabe que deve fazer o bem e não o faz, comete pecado.”
Tiago 4.17
Por último, mas não menos importante, esse filme fala sobre esperança e desespero. Em um momento particularmente difícil da viagem, quando o painel solar do caminhão é destruído, Finch diz ao robô: “Acabou“. Ele perdeu todas as esperanças. Por quê?
Finch confia apenas em si mesmo e em sua inteligência para sobreviver. Essa é a receita para o desastre pois não temos nenhum controle real sobre as nossas vidas e as vidas das pessoas ao nosso redor. Quando depositamos nossas esperanças apenas em nós mesmos, abrimos as portas para o desespero.
Só quando colocamos toda a nossa esperança e toda a nossa vida nas mãos de Deus é que realmente alcançamos a esperança e a paz. Só então alcançamos contentamento. Somente quando jogamos nossas preocupações aos pés da cruz, seremos livres.
A preocupação de Finch com o futuro é um fardo visível em seus ombros. Que alívio ele não sentiria se entregasse sua vida e seu futuro a Deus. Então ele saberia que sua vida não terminaria na morte. E ele poderia ser lembrado dos versos:
“Observem as aves do céu: não semeiam nem colhem nem armazenam em celeiros; contudo, o Pai celestial as alimenta. Não têm vocês muito mais valor do que elas? Quem de vocês, por mais que se preocupe, pode acrescentar uma hora que seja à sua vida?
Mateus 6.26-34
“Por que vocês se preocupam com roupas? Vejam como crescem os lírios do campo. Eles não trabalham nem tecem. Contudo, eu lhes digo que nem Salomão, em todo o seu esplendor, vestiu-se como um deles.
Se Deus veste assim a erva do campo, que hoje existe e amanhã é lançada ao fogo, não vestirá muito mais a vocês, homens de pequena fé? Portanto, não se preocupem, dizendo: ‘Que vamos comer? ’ ou ‘que vamos beber? ’ ou ‘que vamos vestir? ’
Pois os pagãos é que correm atrás dessas coisas; mas o Pai celestial sabe que vocês precisam delas. Busquem, pois, em primeiro lugar o Reino de Deus e a sua justiça, e todas essas coisas lhes serão acrescentadas.
Portanto, não se preocupem com o amanhã, pois o amanhã se preocupará consigo mesmo. Basta a cada dia o seu próprio mal”.