Hollywood e sua Moral Cinzenta
Assisti ao trailer do novo filme Thunderbolts e ele me lembrou um “time B” dos Vingadores. A história reúne um grupo de anti-heróis e ex-vilões recrutados pelo governo para missões secretas. No trailer, Valentina Allegra de Fontaine diz algo que chamou minha atenção:
“Somos criados com a ideia de que existem mocinhos e bandidos, mas, eventualmente, você percebe que existem apenas bandidos e bandidos piores. E nada mais.”
Essa fala reflete uma tendência em Hollywood: o relativismo moral. Temos acompanhado isso em várias produções nos últimos anos. Um exemplo é a série The Acolyte, que explora uma moral mais ambígua entre Jedi e Sith. Um dos atores da série, Charlie Barnett, comentou:
“A melhor parte de Star Wars é que não existe bem ou mal; depende de que lado você está.”
Essa fala contraria as distinções claras entre o bem e o mal que sempre foram centrais no universo de Star Wars.
Da mesma forma, na série Anéis de Poder, vemos uma tentativa de humanizar Sauron, o vilão. Em um momento da primeira temporada, um personagem diz: “Às vezes, para encontrar a luz, primeiro precisamos tocar a escuridão.”

Mas será que isso faz sentido? Não é possível reconhecer o mal sem se envolver nele? Claro que conseguimos identificar algo que é ruim de longe. Hollywood está promovendo uma visão onde o bem e o mal se misturam cada vez mais. E o problema é que o mal existe, sim. Quando não mostramos claramente o que é certo e o que é errado, corremos o risco de confundir as pessoas, especialmente os jovens, que podem acabar caindo nas armadilhas de pessoas mal-intencionadas — ou até se tornarem elas mesmas essas pessoas.
Voltando ao que Fontaine diz no trailer. Qual é a ideia? Sugerir que não existem mais heróis? Mas não estamos falando de uma franquia de super-heróis (ênfase em heróis)?
Com tudo o que temos visto ultimamente no mundo do entretenimento, será que deveríamos nos surpreender? Pense nos casos recentes:
1. Harvey Weinstein, um dos produtores mais poderosos de Hollywood, foi condenado por várias acusações de 3stupr0 e agressão s3xual, recebendo uma sentença de 23 anos em 2020.
2. Jeffrey Epstein, conhecido por sua riqueza e conexões com figuras influentes na política, academia e entretenimento, foi preso em 2019 sob acusações de tráflc0 s3xual de menores. As alegações envolviam receber convidados importantes e atividades ilegais no que agora é conhecido como Ilha Epstein e “dezenas” de meninas menores de idade sendo levadas às mansões de Epstein para encontros s3xuais.
3. P Diddy, rapper e produtor musical, foi preso sob acusações que incluem extorsão e trálic0 s3xual. As alegações dizem que ele usou sua influência para fazer com que vítimas e profissionais do s3xo participassem de performances s3xuais conhecidas como “freak-offs”. Esses eventos, que podiam durar dias, envolviam uso de dr0gas e violência.
Diante de tudo isso, será que é surpresa que um filme como Som da Liberdade tenha sido rejeitado pela indústria? É de se admirar que os heróis agora sejam retratados como menos virtuosos, enquanto os vilões se tornam cada vez mais “compreensíveis” ou até simpáticos?
Parece que o lema atual da indústria do entretenimento poderia ser:
“Não existe bem ou mal, apenas poder, e aqueles fracos demais para buscá-lo.”
Mas sabe quem disse isso?
Voldemort. Pois é.
Agora, pensando por uma perspectiva teológica: quando vivemos em um mundo onde as pessoas não valorizam ou buscam a bondade, acabamos criando um ambiente saturado de falhas morais. E, quando estamos cercados por isso, é mais fácil cair no erro. É como respirar ar poluído — mais cedo ou mais tarde, você fica doente.
Da mesma forma, quando não temos valores e uma moral clara, acabamos nos perdendo. E o mesmo vale para a sociedade. Aonde a sociedade vai, os indivíduos seguem, e, por sua vez, os indivíduos influenciam a sociedade. É um ciclo. Por isso, é tão importante termos absolutos morais. Eles existem para nos proteger.
A mensagem que precisamos passar para os jovens é que o mal vence por padrão quando as pessoas boas ficam paradas e não fazem nada. Como um personagem de Alquimia das Almas sabiamente disse:
“Os perversos sempre fazem o que querem sem que nada os impeça. Mas por que os virtuosos precisam provar a si mesmos todas as vezes?”
É por isso que os heróis são tão importantes. Eles nos inspiram e nos lembram do que é certo. Eles não existem apenas para vencer vilões, mas para nos mostrar o valor de coisas como sacrifício, empatia, compaixão, coragem, dever, honra, o amor à família e a Deus. Esses valores são fundamentais para manter o mal sob controle. Removendo esses valores, redefinindo a moralidade, desconstruindo-a — é assim que o diabo entra pela porta e neutraliza o bem.
Quando invertemos esses valores ou os redefinimos, abrimos as portas para muitas coisas ruins. O relativismo moral tem o poder de nos acostumar lentamente com o intolerável. Primeiro, começamos a tolerar. Depois, aceitamos. Em seguida, celebramos. E, no fim, somos pressionados a participar. E se, em algum ponto, decidirmos que não concordamos mais com aquilo, somos vistos como os vilões e somos cancelados.
A jornada do herói é atemporal. O que torna alguém heroico é justamente a superação das adversidades, o fato de que eles têm todas as probabilidades contra si, mas ainda assim seguem em frente. É por isso que histórias de redenção são tão poderosas, especialmente no contexto do Cristianismo.
As pessoas no poder estão tentando mudar ou apagar cada linha moral e virtude. Mas não podemos deixar que essas ideias entrem em nossos corações e mentes. Como Peggy Carter disse em Capitão América: O Soldado Invernal:
“Mesmo que todos estejam dizendo a você que algo errado é certo. Mesmo que o mundo inteiro esteja dizendo para você se mover, é seu dever se plantar como uma árvore, olhá-los nos olhos e dizer ‘não, mova-se você’.
Adaptado de vídeo do Youtube ‘Thunderbolts and The Moral Relativism of Modern Hollywood’ de The Dave Cullen Show.