Melanie – A última esperança
… ou a falta dela.
Em um futuro distópico, a humanidade é devastada por uma doença fúngica misteriosa. Os infectados perdem a vontade própria e se tornam “famintos” — criaturas violentas que devoram carne humana. A única esperança reside em um grupo de crianças híbridas: elas também desejam carne humana, mas mantêm a capacidade de pensar e sentir.
Essas crianças vivem em uma base militar, onde são submetidas a experimentos cruéis pela Dra. Caroline Caldwell. A professora Helen, no entanto, cria um vínculo especial com a menina Melanie. Quando a base é invadida, o trio — Melanie, Helen e Caldwell — foge com a ajuda do sargento Eddie Parks, embarcando em uma perigosa jornada de sobrevivência.
Ao final, a Dra. Caldwell, que está doente, explica que pode criar uma cura antes de morrer, e que Melanie pode ser a chave para criar uma vacina que salvaria Helen e a humanidade. Melanie, então, pergunta se Caldwell acredita que ela está viva de verdade, e não apenas “imitando emoções humanas”. Quando Caldwell admite isso, Melanie questiona por que ela deveria morrer para salvar os humanos.
Melanie, então, incendeia as cápsulas, liberando uma enorme nuvem de esporos. E volta ao laboratório, onde Helen, aterrorizada, vê os esporos caírem. O filme termina com Helen, segura, mas prisioneira no laboratório hermético, começando uma aula para as crianças híbridas, incluindo Melanie.
Acabei de assistir ao filme com um sentimento de frustração e vazio. Não é para menos: o final é mais um exemplo de niilismo que se tornou comum em Hollywood.
A decisão de Melanie de destruir as cápsulas e liberar os esporos, sem se preocupar com a sobrevivência da espécie humana, é um gesto representativo dessa visão niilista no filme. A vida humana, e tudo o que ela representa, é tratada como algo que não é mais valioso ou significativo do que qualquer outra forma de existência.
Foi nesse momento que o filme se desfez para mim. Atualmente, Hollywood tem trocado com frequência os valores de sacrifício, amor ao próximo e dedicação por uma visão niilista de individualismo, desamor e desesperança.
“Ah, mas seria chato se todas as histórias tivessem finais felizes.” O problema é que a quantidade de histórias com ‘finais tristes’ aumentou consideravelmente nos últimos anos, e o entretenimento que consumimos tem o poder de moldar o que pensamos. O mundo está, de fato, cada vez mais cruel, insensível, individualista, egoísta — niilista.
“Mas Melanie não devia nada a ninguém; os humanos a torturaram. Esse é o melhor final para o filme.”
Aqui entra uma questão espiritual. Melanie é uma figura messiânica, com paralelos a Jesus:
Jesus transcende a humanidade, sendo ao mesmo tempo divino e humano. Ele entende o sofrimento e as fraquezas humanas, mas oferece uma perspectiva além da nossa condição. Melanie, como híbrida, também transcende a dualidade entre humano e “faminto”, e seu sangue carrega a salvação da humanidade.
Jesus foi rejeitado por muitos durante seu ministério — traído, acusado injustamente e crucificado. Melanie e as outras crianças híbridas também são rejeitadas e tratadas como monstros, acorrentadas e submetidas a experimentos cruéis.
Então, quando Melanie nega a salvação da humanidade ao se recusar a sacrificar sua vida, ela faz o OPOSTO do que Cristo fez por nós na cruz. Ela é um ‘anti-messias’. Se você concorda com o que ela fez no final do filme, então, por coerência, deveria acreditar que a humanidade não tem salvação, que o sacrifício de Jesus foi em vão e que todos merecemos o inferno. Não somos melhores nem piores do que os humanos representados no filme.
Tudo o que assistimos, lemos ou jogamos tem o poder de nos influenciar e moldar. Uma narrativa como essa nos sugere o niilismo e nos afasta das boas novas da Bíblia. Isso não é coincidência. E se você acha que é, talvez aquele que anda ao nosso redor, rugindo e buscando quem devorar, já tenha encontrado sua presa.
Que Deus tenha misericórdia de nós.