Meu Amigo Totoro
Política de boa vizinhança.
O filme se passa no início dos anos 50, quando Satsuki, de 10 anos, e sua irmãzinha, a curiosa Mei, de 4 anos, passam um verão em uma velha casa no campo com seu pai – um professor universitário – enquanto sua mãe se recupera de uma doença grave no hospital.
A história é simples, contada de forma atenciosa, paciente e sutil. E o diretor realmente capta a energia de ser criança. Elas correm, gritam o tempo todo, riem, choram e assim por diante. Mei dizendo a seu pai “você é a floricultura” é tão típico do comportamento infantil. Resumindo, Mei e Satsuki agem de acordo com a sua idade, não como crianças que são mais adultas que os adultos.
Totoro do título é um adorável e engraçado espírito azul da floresta que vive sob uma enorme árvore e faz as árvores crescerem e os ventos soprarem. Totoro se torna amigo e protetor das irmãs em um momento difícil de suas vidas e um dia as envia na melhor viagem de ônibus das suas vidas – em um Gatônibus de oito pernas. Inegavelmente um dos personagens mais criativos da história da animação. Eu gostaria de andar nele (tá lá junto com a minha vontade de voar no Falcor da História sem Fim hehe)
Uma curiosidade é que o filme é parcialmente autobiográfico para o roteirista/diretor. “Quando Miyazaki e seus irmãos eram crianças, sua mãe sofreu de tuberculose espinhal por nove anos e passava grande parte do tempo hospitalizada. Está implícito, mas nunca revelado no filme, que a mãe de Satsuki e Mei também sofre de tuberculose. Ele uma vez disse que o filme teria sido muito doloroso para ele fazer se os dois protagonistas fossem meninos em vez de meninas.” (trivia IMDB)
Duas coisas me chamaram minha atenção: primeiro a relação pai e filhas era tão legal, tão saudável. Apenas um cara normal criando suas filhas cheias de energia da melhor maneira possível, dada a situação. Sempre chamarei a atenção para relacionamentos familiares saudáveis, especialmente a paternidade, já que a indústria do entretenimento está tão empenhada em difamá-la.
E segundo, os vizinhos. Foi muito bom ver essas pessoas que moram perto se tornando essa “família” maior, se ajudando sempre que alguém precisava de alguma coisa. Nós vemos isso principalmente através da Avó, mas também pelo garoto Kanta e sua mãe e tia. E no final do filme, toda a vila está focada em encontrar Mei.
Todos nós temos vizinhos, mas quantos de nós formamos esse tipo de vínculo? Esse tipo de relacionamento de “amor o próximo”? E quantos de nós já se meteram em brigas ou tem uma atitude de irritação ou indiferença com relação a eles?
Claro, nem todos os nossos vizinhos serão legais como a Avó, mas se NÓS adotarmos um comportamento gentil e amoroso como o da Avó, podemos nos surpreender com o resultado. É bíblico: Trate o outro como gostaria de ser tratado. Ou na linguagem de hoje: Seja a mudança que você quer ver no mundo, certo?