Mulher Maravilha
Poderosa e Feminina.
A história começa na escondida ilha de Themyscira, lar das guerreiras amazonas. Diana, a princesa das amazonas, cresce com o sonho de se tornar uma guerreira. Sua vida sofre uma reviravolta quando um piloto da Primeira Guerra Mundial, Steve Trevor, cai perto da ilha, trazendo notícias de um conflito devastador que assola o mundo dos Homens.
Convencida de que a guerra é resultado da influência de Ares, o deus da guerra, Diana sai da ilha para se juntar a Steve na missão de acabar com o conflito e salvar a humanidade. À medida que os dois avançam, eles encontram os horrores da guerra e as complexidades da natureza humana.
Acho que a razão pela qual Mulher Maravilha é bem-sucedido onde outros filmes recentes de protagonistas femininas falharam é bem simples: Mulher Maravilha nos dá uma personagem genuína que por acaso é uma mulher.
Muitas heroínas modernas não conquistam a simpatia do público porque suas histórias estão cheias de atalhos. Elas não precisam escalar, a duras penas, seu próprio arco de personagem. O enredo faz o trabalho por elas. Como?
Essa personagem quase sempre será muito boa em tudo o que faz, seja tendo sucesso logo de cara ou aprendendo sozinha com o mínimo de esforço. Geralmente elas nem precisam de mentores mais experientes para lhes ensinar o caminho (não é Rey?). E se tem, elas tripudiam (não é Jennifer?).
O resultado é um personagem que raramente enfrenta lutas significativas ou desafios que exijam superação. Isso acontece porque os escritores frequentemente associam erroneamente o fracasso à fraqueza, em vez de compreendê-lo como uma parte fundamental do crescimento pessoal. Vale ressaltar que o fracasso em si não define o caráter de alguém; é a maneira como a pessoa reage a ele que realmente importa. Quando um personagem não enfrenta nenhum fracasso ou desafio significativo, perde-se a oportunidade de explorar seu crescimento e desenvolvimento ao longo da história.
Assim, elas se tornaram moldes superficiais, criados em grande parte para validar um ponto de vista ou promover uma agenda, e têm a tendência de ser autocentradas, priorizando seu próprio sucesso: “Eu não sou uma super-heroína. Isso é para bilionários e narcisistas. E órfãos adultos por algum motivo.” (She-Hulk). Agora contrasta isso daí com: “Lutarei por aqueles que não podem lutar por si próprios.” (Mulher Maravilha).
Hollywood busca nos apresentar exemplos de mulheres poderosas, mas parece ter perdido o entendimento do que realmente constitui um bom exemplo ou modelo. As heroínas que criam frequentemente se mostram superficiais e desagradáveis, exibindo traços como arrogância e abrasividade, que seus próprios criadores consideram indesejáveis nos protagonistas masculinos.
Como se corrige isso? Simples, crie personagens para contar uma boa história, não para provar um ponto de vista. Mostre personagens imperfeitas que precisam crescer, curar suas feridas internas e superar suas deficiências ou nos dê modelos de virtude que precisam lutar, se sacrificar e sofrer devido ao mal que decidiram enfrentar.
Em Mulher Maravilha vemos Diana sendo forte, mas também demonstrando vulnerabilidade. Ela é linda, mas não se vangloria disso. É uma heroína, mas não é infalível. Ela é inteligente, mas ainda tem muito que aprender. Ela é competente, mas também capaz de trabalhar ao lado de outras pessoas. Poderosa, mas humilde. E acima de tudo ela é empática.
A Mulher Maravilha sempre simbolizou algo maior do que ela mesma, a crença de que a verdade, a justiça e o amor podem não apenas resistir à crueldade, mas também derrotá-la. Sua verdadeira força está na virtude. Quando a Mulher Maravilha finalmente entra no campo de batalha no meio do filme, não é por orgulho vaidoso ou em benefício próprio, mas por um desejo altruísta de proteger as pessoas atrás dela. É por amor.
Mas né, estamos na era do amor-próprio, não do amor altruísta. A cada dia, fico mais convencida de que vivemos na era do narcisismo. Não é de admirar que vejamos cada vez menos filmes e séries que compreendem o que é o amor e o retratam de forma precisa.