Nada de novo no front
A dura realidade
O filme começa na primavera de 1917, quando o estudante do ensino médio Paul Bäumer (Felix Kammerer) e seus amigos, cheios de entusiasmo e patriotismo, se alistam no exército alemão (esta é a 1ª guerra mundial, não a 2ª, então nada de nazistas aqui). Mas o seu entusiasmo ingênuo é rapidamente transformado em terror e dor quando encontram as condições desumanas do campo de batalha.
Enquanto se esforçam para se ajustar à essa nova realidade, Paul e seus amigos recebem orientação de um soldado mais experiente e cínico, Stanislaus “Kat” Katczinsky (Albrecht Schuch). Com o avanço do enredo para os últimos dias da guerra, 18 meses depois, os próprios rapazes também se tornam endurecidos.
E mesmo quando a paz se aproxima, os soldados permanecem peões nas mãos dos líderes alemães. Assim, embora alguns políticos – personificados aqui pelo líder do Partido de Centro Matthias Erzberger (Daniel Brühl) – gradualmente aceitem a necessidade de um armistício, outros como o orgulhoso general Friedrich (Devid Striesow), sob o qual Paul serve, continuam determinados a sacrificar seus homens no front de batalha até o último segundo.

O roteiro enfatiza a dura lição que Paul aprende sobre a humanidade dos soldados de ambos os lados do conflito. Um dos momentos mais difíceis é quando Paul enfrenta um soldado francês e o esfaqueia. Mas ele não morre de imediato, e Paul se sente cada vez mais angustiado e culpado e acaba tentando salvá-lo em vão. Percebemos neste filme o quão humanos eram todos esses soldados. Na verdade, são todos filhos, irmãos e pais, muito assustados e cansados, tentando apenas sobreviver e sonhando voltar pra casa.
Esta é uma história adaptada de um livro com o mesmo título, de Erich Maria Remarque, publicado em 1929. Pelo que vi, o livro é igualmente sombrio e brutal. E apenas quatro anos após sua publicação, o novo regime nazista da Alemanha declarou esse livro “degenerado” e fez dele um dos primeiros livros a ser queimado.
Certamente, tanto o livro quanto o filme reforçam a ideia de que a guerra é um desperdício: algo sem sentido e imoral.
E eu acredito que existe valor nesse tipo de conteúdo, por mais difíceis que sejam de ler ou assistir. São uma lembrança vívida de quantas vidas são perdidas quando as pessoas escolhem a guerra.
Certamente, “Nada de novo no front” é um filme bem-feito, sombrio e brutal como as guerras de fato são. E à medida que o filme avança, entendemos que, mesmo que Paul viesse a sobreviver à guerra, parte dele teria morrido naquele Front Ocidental. O que sobrou dele seria assombrado pelo que viu, ouviu e sentiu pelo resto de seus dias.
Guerra é um assunto muito sério, e considerando o momento pelo qual o mundo está passando, isso é algo que devemos lembrar.