O Dublê
Até que a dificuldade nos separe?
A trama gira em torno de Colt Seavers, um dublê de ação que abandonou sua carreira após um acidente quase fatal. Agora, ele volta à ativa para ajudar sua ex-namorada, Jody Moreno, em sua estreia como diretora. Porém, Colt é contatado por Gail Meyer, a produtora do filme, que revela que a estrela principal, Tom Ryder, desapareceu após se envolver com pessoas perigosas. Gail pede a Colt para encontrar Tom antes que sua ausência cause o cancelamento do filme, que já está com o orçamento estourado. Durante a busca por Tom, Colt reacende seu relacionamento com Jody, e juntos, eles descobrem uma conspiração envolvendo deepfake e um vídeo incriminador.
Embora o filme tenha uma trama simples e despretensiosa, conseguimos tirar uma reflexão sobre o relacionamento do casal principal. Após o acidente, Colt desaparece da vida de Jody, deixando-a com a impressão de que seus sentimentos não eram verdadeiros ou profundos. Isso causa um sofrimento intenso em Jody, pois, apesar de não serem casados oficialmente, os dois compartilhavam uma vida como se fossem um casal.
Mais adiante no filme, Colt explica que sumiu da vida de Jody porque se sentia um fracasso e indigno dela, não querendo submetê-la à tarefa de cuidar de um homem “inválido”. Essa situação ilustra a importância do comprometimento formal de um casamento, algo que a simples coabitação, o famigerado “morar junto” não substitui. Casais que coabitam não passam pela criação de um vínculo forte decorrente do compromisso público e das promessas mútuas de permanência, tornando sua união menos estável.
Estudos mostram que coabitantes apresentam níveis significativamente mais altos de depressão do que casados, devido à maior instabilidade relacional e à maior probabilidade de o relacionamento acabar. [1] Emocionalmente, fisicamente e espiritualmente, o casamento é muito mais do que “só um papel”. É um compromisso. Não é uma mera construção social, mas uma criação divina vista como uma aliança. Uma aliança implica promessas mútuas sobre como os parceiros escolherão viver no futuro, comprometidos um com o outro até que a morte os separe, e não apenas declarações sobre como se sentem no presente.
A falta dessa aliança deixou Jody insegura quanto ao verdadeiro valor de seu relacionamento com Colt, fazendo-a acreditar que o vínculo era superficial. Colt, por sua vez, sentiu-se um peso na vida de Jody, pois faltava o “na saúde ou na doença” que fundamenta a segurança de um casamento. Na primeira dificuldade, o relacionamento deles, que não tinha as bases sólidas de um casamento, ruiu, causando muito sofrimento a ambos.
Quantos casais que optam pela coabitação “mais moderna e menos burocrática” enfrentam conflitos e sofrimentos semelhantes? Deus sabe o que faz e nos entende muito melhor do que nós mesmos. A união matrimonial entre um homem e uma mulher, instituída por Deus desde o início da nossa história, não está lá por acaso ou por capricho. É uma audácia pensar que podemos “atualizar” as regras, desconsiderar o Criador e não pagar o preço.
[1] Brown, S. L. (2000). The Effect of Union Type on Psychological Well-Being: Depression among Cohabitors versus Marrieds. Journal of Health and Social Behavior, 41(3), 241. doi:10.2307/2676319