Senhor dos Anéis – O Senhor das dádivas
Durante a Segunda Era, quando o poder de Númenor ainda estava em ascensão, alguns dos elfos que permaneceram na Terra-Média se estabeleceram na terra de Eregion (Hollin) no sopé das Montanhas Nevoentas. Seu líder, Celebrimbor, só perdia para seu avô Fëanor em termos de sua habilidade como moldador e modelador de ouro e pedras preciosas. Infelizmente, o Lorde das Trevas de Mordor estava ciente de sua reputação. E ele por acaso também tinha habilidades de forja.
Não demorou muito para que Sauron aparecesse entre os elfos sob o disfarce de um beneficente Mestre Artesão – cativante, sábio, de fala mansa e de rosto bonito. Ele se chamava Annatar, “Senhor das Dádivas”. Sob sua tutela paciente, os artífices élficos fizeram Anéis de Poder: primeiro os Sete; então os Nove; por último, Nenya, Narya e Vilya, os Três incomparáveis anéis elficos.
Tarde demais os elfos descobriram que seu suposto benfeitor era de fato seu arqui-inimigo, e que ele havia selado seu destino criando um Anel Mestre para dominar os outros. Tudo terminou na ruína de Eregion e na morte de Celebrimbor.
Esta história transmite uma importante lição sobre como o engano funciona. O primeiro alerta é uma verdade básica: temos um inimigo. Fora de nós existe um poder hostil que não se contentará até que tenha destruído a todos nós. O apóstolo Pedro adverte os cristãos sobre isso quando escreve: “Sejam sóbrios e vigiem. O diabo, o inimigo de vocês, anda ao redor como leão, rugindo e procurando a quem possa devorar.” (1 Pedro 5.8). Celebrimbor e seus companheiros artífices deveriam saber disso.
A história continua mostrando que essa força externa maliciosa está equipada com um vasto arsenal de esquemas, dispositivos e artimanhas inteligentes (Efésios 6.11). Nosso inimigo não precisa recorrer à força ou violência para conseguir o que quer de nós. Como descobriremos mais tarde em nossa jornada, ele é um mestre do disfarce.
Além disso, Sauron não estava enganando quando disse aos Elfos que possuía o conhecimento que eles precisavam para se tornarem os artífices que desejavam ser. Os presentes que nosso adversário disponibiliza não são necessariamente falsos. O problema está nas condições que ele atribui a eles: “Curve-se e me adore“.
Finalmente, esse cenário mostra a conexão entre os estratagemas do inimigo e nossas suscetibilidades pessoais. A tentação não funcionará a menos que exista uma ligação de algum tipo entre a atração do tentador e a orientação interior do nosso coração. No fundo, todos nós temos ambições e aspirações profundas. Se forem fortes o suficiente, esses anseios podem ser acessados pelo enganador e usados contra nós como uma isca em um anzol.
Observe que esses desejos não precisam ser perversos ou egoístas para se qualificar. É principalmente sua intensidade que importa. Mais do que qualquer coisa no mundo, Celebrimbor e os ferreiros de Eregion queriam criar beleza e alcançar habilidade técnica – objetivos de excelência em si mesmos. Sauron, na forma de Annatar, foi capaz de ajudá-los a atingir esses objetivos. Infelizmente, ele também tinha o poder de enredá-los nas suas próprias ambições e, assim, colocá-los sob seu controle.
A mesma coisa pode acontecer a você e a mim se não ficarmos alertas. Lembre-se, “toda boa dádiva e todo dom perfeito vem do alto e desce do Pai das luzes” (Tiago 1.17). Não há outra fonte de verdadeira bênção. Portanto, não venda seu direito de primogenitura por uma porção de lentilhas. Há uma razão pela qual o rei Salomão exorta você a guardar seu coração, “pois dele depende toda a sua vida.” (Provérbios 4.23).
Não se engane. Somente Deus é o Doador de todas as boas dádivas.
Adaptado do livro “Finding God in The Lord of the Rings” de Kurt Bruner e Jim Ware