Pacíficos ou Pacifistas?
Qual é a diferença?
No filme Até o último homem, nós vemos o protagonista Desmond assumindo uma posição pacifista, totalmente contrário à violência. Ele não queria nem tocar em uma arma.
No final da minha crítica ao filme, eu questionei o que aconteceria se todo o pelotão de Desmond resolvesse largar as armas? E se esse movimento se espalhasse por todo o exército americano?
Bom, Hitler ganharia de WO. Ele tinha seus próprios conceitos de moralidade. Isso ficou bem claro quando desrespeitou o acordo de paz de Munique em 1939.
Como cristãos, entendo que devemos ser pacíficos, não pacifistas. Não é a mesma coisa? Bem, não. O pacifismo se opõe aos meios militares para solução de conflitos, assim como há pacifistas que se opõem a qualquer tipo de ação considerada violenta.
Pacíficos são aqueles que são amigos da paz, mansos. Buscar a paz, não significa necessariamente nunca usar meios violentos. Tudo depende do contexto e das razões.
E o que a Bíblia diz sobre o assunto?
“Não matarás”. A palavra hebraica usada em Êxodo 20.13 é específica. Normalmente é usada em referência ao homicídio. Esse é o ato de tirar a vida de alguém injustamente. Isso significa que nem todo ato de matar é proibido. O povo de Israel tinha permissão de se defender (Êxodo 22.2) e a lei fazia concessões para mortes acidentais (homicídio culposo).
Vemos Neemias armando o povo para se protegerem daqueles que não queriam a reconstrução dos muros de Jerusalém (4.13,14) “…lutem por seus irmãos, por seus filhos e por suas filhas, por suas mulheres e por suas casas.”
“Ah mas isso é no Velho Testamento, as coisas mudaram.”
Vamos olhar então o que o Novo Testamento nos diz:
No sermão da montanha, Jesus abençoa os “pacificadores” (Mateus 5.9), comanda seus discípulos a rejeitarem a ética do “olho por olho” (Mateus 5.38-42), e ordena que amem até mesmo seus inimigos (Mateus 5.43-46). Também temos a narrativa na qual Jesus repreende Pedro por tentar defendê-lo quando Jesus estava sendo preso (Mateus 26.52).
Pacifista? Não.
- O Sermão da Montanha se aplica a ofensas pessoais, não em nível coletivo ou nacional. Em seus relacionamentos pessoais, os cristãos não devem ser vingativos; nosso primeiro impulso, quando insultados ou perseguidos, não deve ser contra-atacar, mas amar. Mas isso não significa que devemos cruzar os braços quando alguém tenta nos estuprar ou matar.
- Existem várias passagens em que Jesus demonstra ou permite o uso da força. Jesus usou a força para limpar o templo (João 2.15-16), disse a seus discípulos para carregar espadas (Lucas 22.36) e prometeu usar a força quando voltasse para consertar o mundo (Apocalipse 19.11-16).
- A repreensão de Jesus a Pedro por tentar defendê-lo com uma espada não é uma proibição universal de defesa armada. A repreensão estava relacionada com a missão única de Jesus de morrer na cruz para expiar nosso pecado. Ele repreendeu Pedro por atrapalhar sua missão.
- É significativo também que João Batista não tenha dito aos soldados que deixassem o exército: “E alguns soldados o interrogavam, dizendo: ‘E nós, o que devemos fazer?’ E ele lhes disse: ‘Não aceitem dinheiro de ninguém à força, nem acusem falsamente ninguém, e contentem-se com o seu salário’” (Lucas 3.14). Portanto é possível viver uma vida piedosa e ser um soldado.
- Além disso, Paulo declarou que Deus autoriza governos a empunhar a espada (Romanos 13.1-7). O governo poderia usar a força para: a) a contenção do mal e b) a punição do mal. O objetivo da força não seria apenas evitar que o mal aconteça, mas também punir atos malignos, levando os culpados à justiça.
Concluindo… devemos amar a paz. Somos boas testemunhas do evangelho quando buscamos a paz e encorajamos nossos governantes a evitar conflitos desnecessários. Mas também somos boas testemunhas quando amamos nosso próximo, protegendo-o com uso da força se necessário. Devemos orar pela paz, mas estar preparados para a guerra.