Questão de Tempo
Como você usa o seu tempo?
Aos 21 anos, Tim fica sabendo pelo seu pai que os homens de sua família possuem um dom: quando se tornam adultos, todos conseguem viajar no tempo. Existem algumas limitações, é claro (eles só podem viajar para o passado, não para o futuro, e apenas dentro de suas próprias vidas – além de algumas outras regras reveladas ao longo do caminho), mas a viagem em si é relativamente fácil. Tudo o que você precisa fazer é entrar em um espaço escuro como um armário, fechar os olhos, pensar para qual momento deseja voltar e pronto.
Para o crédito do filme temos uma história mais profunda do que uma típica comédia romântica. Com relação ao casal principal, o enredo não se resume apenas em reunir Tim e Mary, já que isso acontece mais ou menos na metade do filme. A história continua e vai aonde poucos filmes vão: o casal construindo uma vida juntos. E embora a maior parte ainda seja romantizada, é interessante ver o desenrolar da vida do casal.
Mas o filme não é sobre o romance exatamente. É uma história sobre todos os amores na vida de Tim. Seus relacionamentos de marido e mulher, irmão e irmã, amizades e principalmente, pai e filho… Os atores que interpretam Tim e seu pai têm uma química muito forte, ainda melhor do que entre Tim e Mary.
O filme é bem água com açúcar. Nada realmente dá errado em todos os ajustes do tempo que Tim faz. Quase tudo podia ser consertado com a quantidade certa de viagens no tempo. Isso me parece irreal, pois nem tudo pode ser consertado e, como vimos em Efeito Borboleta, às vezes consertar algo quebra outra coisa. A vida é muito complexa e interligada. Só Deus mesmo consegue lidar com toda essa complexidade e cuidar de cada um de nós no meio desse emaranhado de histórias e acontecimentos.
Enfim, o filme tinha uma história e uma mensagem específica para nos passar sobre relacionamentos. Ele usou um pouco de ficção científica para chegar lá e funciona dentro do proposto.
Quanto às lições do filme, primeiro vamos tirar o elefante da sala. Sim, o relacionamento do casal principal estava completamente fora de ordem. O casamento foi quase um capricho, um mero detalhe. O filme (quase todos os filmes, na verdade) nos dão a impressão de que nada dá errado quando você muda a ordem das coisas em um relacionamento romântico, mas sabemos que a realidade é muito diferente. Qualquer escolha nossa que vai contra a vontade de Deus sempre exige um preço e traz sofrimento desnecessário.
Agora, vamos ao ponto principal do filme: como seria bom poder voltar no tempo e desfazer algo que não deveríamos ter feito ou dito! Tornar feliz um momento triste de alguém que amamos ou evitar um acidente. Mas não temos esse luxo e apenas devemos tentar viver da melhor forma possível na primeira e única vez que temos. Com a ajuda do Espírito Santo podemos evitar muitos desses erros e arrependimentos.
Também seria muito fácil usar esse recurso para pecar. Você peca, depois volta no tempo e “apaga”. Ninguém saberia, exceto você e Deus. Mas convenhamos, você e Deus já é gente pra chuchu. O pecado nos muda para pior, mesmo que “ninguém” esteja olhando. Ele deforma nosso caráter e nenhuma volta no tempo pode apagar os seus efeitos em nós. Nosso mocinho Tim enfrentou essa tentação ao reencontrar seu primeiro amor, mas resistiu e se poupou de carregar essa culpa pelo resto de sua vida.
Enfim, o filme se concentra na beleza e alegria, bem como na dor inevitável que flui do amor de uma família. É emocionante ver Tim e seu pai darem a última caminhada na praia e jogar pingue-pongue pela última vez. É emocionante ver Tim se esforçar tanto para mudar o passado doloroso de sua irmã. E quando Tim nos diz no final do filme: “Eu apenas tento viver cada dia… como se fosse o último da minha vida plena e extraordinária”, vemos um eco das Escrituras nos dizendo para buscarmos contentamento, termos um coração grato e lançarmos todas as nossas preocupações sobre nosso Pai Celeste.