Resistência
Quem é o Criador?
O filme se passa em 2070, 15 anos depois que uma detonação nuclear em Los Angeles instigou uma guerra contra a inteligência artificial. A trama gira em torno de um ex-agente das forças especiais, Joshua, que é recrutado para rastrear e eliminar o Criador ou Nirmata, que desenvolveu uma arma misteriosa com a capacidade de pôr fim à guerra entre humanos e IA.
Apesar de um orçamento mais modesto, o filme é visualmente impressionante. A cinematografia é excelente, com cenas bonitas e bem enquadradas. O mundo futurista parece autêntico e “real”, em vez de apenas um cenário CGI brilhante e com tela verde para a ação. Me lembrei de Blade Runner e Distrito 9, especialmente nos cenários mais cosmopolitas.
Algumas coisas não ficaram muito boas. Por exemplo, os personagens militares são unidimensionais, cruéis e impiedosos. Em contrapartida, o filme dá a entender que a IA pode se tornar igual e até mesmo melhor que os humanos. E Isso meio que desumaniza o ser humano. O filme poderia ter dado mais atenção ao lado humano do conflito, tornando-o assim um conflito menos preto e branco e criado um dilema mais interessante.
Mas o principal problema, pra mim, foi a falta de envolvimento emocional com os personagens. O roteiro simplesmente não conseguiu me deixar envolvida com nada do que estava acontecendo. Talvez John Washington não seja o ator certo pra esse papel. Tive a mesma sensação assistindo Tenet… era como se ele não conseguisse se conectar com o papel que estava interpretando.
Tecnicamente ótimo, mas emocionalmente vago.
O que torna “Resistência” diferente das histórias recentes sobre IAs é o tratamento mais positivo (ou pelo menos aberto) com relação a elas. Apesar da clara tensão e do perigo potencial representado pela IA, os Simulants parecem, na sua maioria, pacíficos e vítimas do conflito com os humanos.
Os humanos culpam os Simulants por um ataque nuclear devastador em Los Angeles, enquanto os Simulants insistem que foi um erro de codificação: “Eles nos culpam pelos seus próprios erros”. Na verdade, a IA é apenas uma extensão da nossa humanidade – para o bem e para o mal. A IA tem o potencial de ser benevolente e útil quando infundida com as nossas melhores características, mas também violenta e destrutiva quando reflete a nossa depravação pecaminosa.
Não podemos esquecer que, ao longo da nossa história, já perseguimos alguns grupos da nossa própria espécie como se fossem menos que humanos. Esse é o nível da depravação humana.
O filme também mostra o desejo inato da criação de adorar seu criador. Os Simulants desenvolveram suas próprias crenças religiosas em relação ao criador da tecnologia de IA. Numa cena, um religioso IA prega a um grupo de crianças sobre um “salvador vindouro” que os libertaria da guerra e lhes permitiria viver em paz.
Em outra cena, Alphie pergunta a Joshua: “Se você não é um robô, como foi feito?” Tudo o que Joshua consegue responder é que seus pais o criaram. Nem Joshua nem Alphie conhecem seu verdadeiro criador.
O filme aborda o dilema do homem moderno, que se vê como uma máquina de carne, mas ainda desejando conexão com o Criador. Explora a tensão entre a cultura materialista e nossos anseios transcendentes de propósito e vida eterna. Vemos uma persistente busca por Deus na cultura contemporânea, mesmo após supostamente termos superado a religião em favor da ciência. Sem uma autoridade divina, o homem moderno ainda busca identidade e propósito, e sofre de ansiedade pois não sabe mais em quem buscar orientação segura.
Independentemente do avanço tecnológico, as questões fundamentais sobre nossa origem e propósito perduram. E essas questões não podem ser respondidas satisfatoriamente por cosmovisões que excluem o Criador (Deus) como fonte e padrão da realidade final: Para que fomos criados? Quem criou e por que desejo conhecê-lo? Por que refletimos conscientemente sobre essas questões se somos apenas máquinas de carne?
A cultura secular contemporânea é uma criança perdida e desligada do seu Criador. Como cristãos temos a oportunidade de apontar o caminho – o Evangelho. Nossa vida não é uma busca por um Criador oculto e distante; em vez disso, nosso Criador iniciou a busca para nos alcançar. Ele se deu a conhecer na pessoa de Jesus Cristo. Jesus, o Filho de Deus, deixou de lado o seu grande poder para expiar os nossos pecados na cruz, preenchendo assim o grande abismo entre nós e o nosso Criador.