Thor
Herói clássico ou moderno?
O filme se passa no planeta Terra, bem como no reino de Asgard, lar do rei Odin e seus dois filhos Loki e Thor, o deus do trovão. Odin está preparando Thor para assumir o trono de Asgard, enquanto protege o mundo dos Gigantes de Gelo de Jotunheim.
Thor desafia as ordens de Odin, e junto com seu irmão Loki e alguns de seus melhores amigos atravessam a ponte Bifrost até o reino dos gigantes do gelo ameaçando a trégua entre os reinos. Thor, então é banido por Odin para a Terra para viver impotente entre os humanos, enquanto o irmão de Thor, Loki, assume o trono.
Enquanto Thor está fora, Loki prova ser uma ameaça, deixando Asgard e a Terra em perigo. Na Terra, Thor conhece uma física chamada Jane. Ela percebe que acabou de descobrir vida inteligente fora da Terra. Junto com seus dois amigos Darcy e Dr. Erik Selvig, Jane tenta ajudar Thor a encontrar seu poder e voltar ao seu reino.
Como um todo, as atuações foram boas. O praticamente desconhecido Chris Hemsworth faz um bom trabalho no papel principal. Natalie Portman é o ponto fraco pra mim nesse filme. Foi difícil pra mim acreditar que ela era uma cientista, e o romance me pareceu um pouco forçado. Kat Dennings interpreta Darcy como o alívio cômico e Sir Anthony Hopkins está ótimo, como sempre, como o pai de Thor, Odin. Tom Hiddleston tira o máximo proveito de seu personagem como o irmão sombrio de Thor, Loki. E também eu gostei dos amigos do Thor, pena que não deu tempo de explorar mais todos esses personagens.
Esse filme recebeu muitas críticas negativas na época, mas honestamente, acho que essa foi uma história de origem muito interessante. Ela nos ajudou a simpatizar com personagens difíceis de compreender já que todos são deuses. A jornada de Thor de queda e ascensão nos ajudou a simpatizar com um personagem muito poderoso e completamente fora da nossa realidade.
A cena em que Odin bane Thor para a Terra foi bem intensa. Odin o chama de “menino vaidoso, ganancioso e cruel!” – e o filho revida com “Você é um velho e um tolo!”
A paciência de Odin acabou. Na esperança de ensinar uma lição a Thor, ele o bane para a Terra, enviando o martelo também. Mas agora Thor é apenas um cara comum, e seu martelo está congelado na rocha – uma espécie de Excalibur (espada cravada na pedra) para garantir que ninguém, nem mesmo o filho de Odin, o use até que ele seja bom e digno. Parece que Thor tem um árduo caminho de amadurecimento pela frente.
A Terra prova ser um bom terreno pra esse amadurecimento. Despojado de seus títulos, prestígio e martelo, Thor volta à estaca zero. Quando lhe dizem que seu pai morreu de tristeza (uma mentira), Thor se familiariza com a perda e o arrependimento – componentes críticos para desenvolver maturidade e entender o que significa ser filho e rei. E quando um temível monstro ameaça seus novos amigos humanos e começa a devastar a cidade, ele desenvolve mais valores como caridade e sacrifício.
Thor começa o filme como o herói clássico (como vimos no meu post “O que os heróis representam?”) que busca principalmente glória pessoal, fama, poder e outras conquistas egoístas. Mas à medida que o filme avança e ele tem que lidar com as consequências de suas ações: seu banimento, a “morte” de seu pai e sua impotência para ajudar ou interferir de qualquer maneira, ele amadurece e começa sua jornada rumo ao herói moderno. Aquele que se baseia no próprio Cristo: empenhado em ajudar os outros, altruísta e abnegado. Mais focado em proteger do que atacar.
Talvez o sinal mais revelador da transformação de Thor seja o final, quando ele opta por quebrar a Bifrost, o canal através do qual ele e outros visitam os nove reinos conhecidos do universo. Quebrar a ponte significa, em essência, que ele está desistindo da chance de visitar a Terra e a bela Jane Foster novamente. Mas também significa salvar outro mundo – o mundo dos gigantes do gelo.
Quando Thor sacrifica algo de grande valor para salvar seus inimigos… , é aqui que temos certeza que ele está se tornando um herói moderno e digno.