Up – Altas Aventuras
Não pare de viver!
Carl Fredricksen (Edward Asner) é um vendedor de balões que, aos 78 anos, está prestes a perder a casa em que sempre viveu com sua esposa, a falecida Ellie. O terreno onde a casa fica localizada interessa a um empresário, que deseja construir no local um edifício.
Após um incidente em que acerta um homem com sua bengala, Carl é considerado uma ameaça pública e forçado a ser internado em um asilo. Para evitar que isto aconteça, ele enche milhares de balões em sua casa, fazendo com que ela levante voo. O objetivo de Carl é viajar para uma floresta na América do Sul, um local onde ele e Ellie sempre desejaram morar. Só que, após o início da aventura, ele descobre que seu pior pesadelo embarcou junto: Russell (Jordan Nagai), um menino de 8 anos.
Sempre me surpreendo como um desenho, pode extrair tanta emoção e sentimentos do expectador, no caso eu hehe. Enquanto assisto, minha mente me diz que é uma ficção, tudo inventado, uma sequência de desenhos. Mas a Pixar encontrou, mais uma vez, uma maneira de me convencer que há algo mais nos seus desenhos do que apenas imagem e som.
As lições que Carl Fredricksen aprende ao longo de sua jornada através das interações e desenvolvimento do personagem são emocionantes e tocantes, e são tão reais quanto você e eu, embora ele mesmo seja apenas um desenho dublado por um ator.
Os primeiros minutos do filme, por si só, são melhores do que muitos filmes por aí.
O romance com a caçadora de aventuras chamada Ellie, que eventualmente floresceu em um lindo casamento, é facilmente uma das melhores histórias de amor do cinema. Com um amor assim, não é surpresa que a grande perda de Carl torne difícil para ele aproveitar a vida após seu falecimento. Então, em vez de seguir em frente, ele estacionou.
Carl pode não ser um homem de verdade, mas representa o que nós sentimos todos os dias: as decepções da vida, a perda inesperada de um sonho ou mesmo a perda de um ente querido. A perda o prende no passado e o torna ingrato, focado apenas nos sonhos que não pôde realizar.
Mas quando Carl finalmente encontra o bilhete de despedida de Ellie, ele entende que ela nunca desejaria que ele vivesse preso no passado e que ela morreu feliz pela vida que tiveram juntos, mesmo que tenha acontecido de forma diferente da que eles planejaram quando crianças.
No filme “Caminhos da Memória”, o personagem principal Nick, simplesmente não consegue seguir adiante, permanece até o fim da sua vida preso às memórias do passado, e àquela que ele tanto amou. O filme dá a entender que esse foi um final aceitável. Mas, como UP nos mostra muito bem, não é.
O que Carl não estava contando era com um viajante clandestino, Russell, um escoteiro mirim, que tinha o sonho de explorar o mundo selvagem. E os dois acabam vivendo uma grande aventura mesmo que Carl não se dê conta disso até o final do filme.
Às vezes, nos concentramos tanto no que desejamos fazer, no que queremos mudar, ou na aventura que gostaríamos de embarcar e nas pessoas que não estão mais conosco, que perdemos a aventura que acontece bem na nossa frente, porque a vida é a maior das todas as aventuras, e Deus deseja que aproveitemos e aprendamos com ela a cada passo do caminho.
Sigamos em frente, confiados no amor daquele que nos criou e amou, até que ele também nos chame para viver o próximo capítulo da nossa história na glória.
“Por isso não desanimamos. Embora exteriormente estejamos a desgastar-nos, interiormente estamos sendo renovados dia após dia, pois os nossos sofrimentos leves e momentâneos estão produzindo para nós uma glória eterna que pesa mais do que todos eles. Assim, fixamos os olhos, não naquilo que se vê, mas no que não se vê, pois o que se vê é transitório, mas o que não se vê é eterno.
2 Coríntios 4.16-18